Ouça a muitos
Autor: Shakespeare on Friday, 18 January 2013Ouça a muitos, mas fale apenas com alguns.
Ouça a muitos, mas fale apenas com alguns.
No tempo em que elle, nas lendas,
Era amante e cortezão,
Jogava, e tinha contendas,
Cantava assim em Milão:
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Ó flores meigas, ó Bellas!
Para prender os toucados,
Eu dar-vos-hia as estrellas:
--Os alfinetes dourados!
Só pelo amor quebro lanças!--
A Rainha de Navarra
Enleou um dia as tranças
No braço d'esta guitarra!
Quando no meu o teu olhar se esquece,
A minha alma, mulher! é como um urso
Que dança pelas feiras, e obdece
Ao magro saltimbanco e ao seu discurso.
E os meus velhos desejos violentos
Soluçam--hystriões esfomeados!--
Como os gatos noturnos, friorentos,
Que miam lamentosos nos telhados.
Será que não é possível devorarem-me sem insistirem para que eu cante louvores ao meu devorador?