O CÉU NÃO PÁRA DE CHOVER
Autor: Jamila Mafra on Sunday, 6 January 2013
A chuva que cai
Não faz
Eu esquecer você.
A chuva que cai
Não leva
A chuva que cai
Não faz
Eu esquecer você.
A chuva que cai
Não leva
Sem explicação
Eu te amo,Leão!
Estou preparando a minha noite!
Estou preparando a nossa noite!
Era cinco horas da manhã e lá já estava ele,
Ele foi lá em casa para se encontrar
com a minha irmã
Para os dois juntos viajarem para o templo sagrado
Antes
Os olhos dele
Irradiavam brilho e alegria,
Hoje
Você chega
E eu me tranco no quarto
Pra não te ouvir e nem te ver,
Eu não suporto mais você,
Deixa-me falar-te agora dos segredos
Que carrego.
Vou falar-te sobre a transmutação
Das plantas.
Do trigo em oiro e do lírios em diamantes.
Vou descrever-te o nome que o luar
Trás à solidão da memória
E o calor das mãos feitas sol.
Aqui, neste lugar onde o incenso
Se liberta da vida, o mar
Não para de se fazer sentir
Em cada célula que se descobre
Em nós.
E de mãos enlaçadas
Caminhamos de cabeça erguida
Na procura do lugar que um dia
Desenhámos.
Viver na solidão de um mundo imaginário,
Que é meu e de mais ninguém,
Nas profundezas de um aquário,
Onde não sou tratada com desdém.
Lá sou um ser minúsculo e mitológico,
Onde tudo é novo e pronto a explorar,
Para os outros, pode não ser lógico,
Mas criei-o para ter onde me refugiar.
Refugiar-me deste mundo sem união,
Onde vive cada um por si, estão a pisar
E não querem saber quem está no chão,
O que interessa é que eles vão vingar!
Não tinha onde escrever,
Então escrevi em ti,
Para não esquecer
Tudo aquilo que senti.
Quando te estava a ler
Meu inconsciente viajou ,
No teu interior foi viver
O meu corpo abandonou.
Fiz da tua a minha história
Com momentos de ternura,
E conquistei a minha glória
Num momento de bravura.
Regressei à realidade
Quando te acabei de ler,
Mas ficou a vontade
De um dia te reler.
Hoje ela chegou sorrateira,
Não a percebo a caminho,
Só a sinto quando, de tão próxima,
Pode apertar-me o peito.
Fazendo-o, deixa-me sem fôlego,
Sem ânimo,
Numa tristeza que me toma a vontade dos dias.
Chega a mim atraída pela saudade,
Pela vontade comedida,
Pelo querer interdito de voltar ao meu deleite.
Ah! Se não me houvessem os medos,
Se longe de mim a insegurança,
Se o mudar não me fosse penoso,
Tu não me eras companheira, Tristeza,
Hoje.**