Viver sem esperança
Autor: Dostoievski on Tuesday, 15 January 2013Viver sem esperança é deixar de viver.
Viver sem esperança é deixar de viver.
Para além do Universo luminoso, Cheio de fórmas, de rumor, de lida, De forças, de desejos e de vida, Abre-se como um vácuo tenebroso. A onda desse mar tumultuoso Vem ali expirar, esmaecida... Numa immobilidade indefinida Termina ali o ser, inerte, ocioso... E quando o pensamento, assim absorto, Emerge a custo desse mundo morto E torna a olhar as coisas naturaes, Á bella luz da vida, ampla, infinita, Só vê com tédio, em tudo quanto fita, A illusão e o vasio universaes.
    Vae o teu Pae andar ao sol de verão,
	    E mais á chuva e ao vento; e só depois
	    Poderá ter a colheita d'esse pão
	    Que semeou cantando ao pé dos bois.
	    Feliz que eu fui em te encontrar na vida,
	    Minha dôce Constança desejada!
	    Antes de vêr-te a ti não via nada,
	    Nem para mim a lua era nascida.
	    Tu vaes partir em breve com teu Pae
	    Por esse mar que tão piedozo está.
	    Não sêde amargas, ondas, mas chorae!
Foste-te, ó luz das solidões amenas!
	Ó grandes olhos tristes, ideaes!
	--Partiste, casta pomba d'alvas pennas,
	Em procura dos lucidos pombaes!
..........................................
	Tu estás hoje entre as hervas e as poeiras,
	Ou cheia de celestes claridades!
	Ó doce irmã das rolas companheiras!
	Por ti ouço chorar as larangeiras!
	E de luto vestirem as saudades!
Deixaria neste livro 
A oração é a chave da manhã e o ferrolho da noite.
Irmão miserável! Quantas vigílias atrozes eu lhe devo! “Eu não me entregava
com fervor a este negócio. Caçoava de sua doença. Por minha culpa
voltaríamos ao exílio, à escravidão”. Ele me achava um pé frio, e de uma
inocência bizarra demais, e adicionava razões inquietantes.