A Queda
Autor: Mário de Sá-Carneiro on Friday, 30 November 2012E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
	Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la
	E giro até partir... Mas tudo me resvala
	Em bruma e sonolência.
	Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de ouro,
	Volve-se logo falso... ao longe o arremesso...
	Eu morro de desdém em frente dum tesouro,
	Morro á mingua, de excesso.
	Alteio-me na côr à fôrça de quebranto,
	Estendo os braços de alma - e nem um espasmo venço!...
	Peneiro-me na sombra - em nada me condenso...
	Agonias de luz eu vibro ainda entanto.
