Desânimo da natureza

O anseio das inquietações mundanas me enferme. É maldito o tornado de premissas, onde assopra as conclusões nevrálgicas do pensamento. Farfalha em nuances consideráveis, na violação das raízes da verdade. Do que adianta as escondidas mediações em meus frutos joviais, se o devaneio trágico, como praga, desola meu lavradio? Natureza-morta será a unanimidade do campo caso a ação não atue. Não deixarei os galhos quebrarem, garanto que não, mas acho tão enfadonho regar; os humanos como são, dissaboreia a apatia, feito gafanhotos que esporadicamente somem, mas retornam.

Esboroar da alma

Indomáveis brisas planam na epiderme dos silêncios
Corteses, serenos, afáveis e absurdamente formidáveis
Assim se esboroa a alma sincronizada aos desejos inenarráveis
 
Além uma gigantesca luminescência flui solitária e inimputável
Vagarosamente traveste a vida num par de segundos inexoráveis

SOMBRAS E SOMBRAÇÕES

 

 

damascos e ornamentos

sobressaltam-se na mesa

de madeira polida

 

meros polímeros

de substância indelével

moldam 

e sustentam fantasias

em um monólogo

intimista

 

-mas

por que a pronúncia vacilante

desse oscilante instante

adiou

a convergência do dia

para esse casual (des)encontro?

 

se as horas e as distâncias

favorecem

-mais que as restrições-

a opção de ver

um singelo vestígio consumar

as luzes já acesas

Habita em mim

O androide que habita em mim
Humano sem juízo
Coração que vive a solicitar :
A remoção imediata de
Elétrons e baterias ruins
O androide que habita em mim
Foi no início experiência suburbana
Um chip corrosivo que envergonha
Um mundo de cientistas loucos
Semideuses a glorificar impropérios
Inventores de um coração frio
Inventaram mais calor no deserto
Pra nação de androides não desintegrar !
E mais androides de atos calculados implantar
Impiedosos terroristas, cientistas ..

CO2 / O2

 

 

 

o ar rarefeito

em nossos pulmões

exige  / suplica

o oxigênio puro

-diluído no gás carbônico-

de um jeito asfixiante

pois ele não é suficiente

para purificar

toda a atmosfera

de forma relevante

por ser ar suspeito  / rarefeito

ar e fuligem ao mesmo tempo...

 

já é hora de se despertar

e fazer algo urgente

para que se respire

de maneira decente

segura / isenta / pura

o ar que nos respira também

 

 

 

 

 

INCERTO E AUSTERO

 

 

só não me confundam

com a penumbra da noite

o desconforto do meio-dia

na trincheira escura que me atropela

sozinho na rua instável

 

me perco quase que completamente

justo como um descrente

por aderir a um riso fácil

um sinal de feitiçaria demente

comovente como um crime doloso

e me recupero por completo

-incerto e austero-

por causa de detalhes irrelevantes

diante da muita controvérsia

pelos transtornos que não causei

 

sei qual é a cor do pecado

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