Continuamos em casa

Começamos a ficar saturados

Com a história do confinamento,

Mas será que é este o momento

De espairecer para todos os lados?

Cientistas, matemáticos e opinadores

Trazem certezas e lançam rumores!

Vamos pensar em deixar a casa,

Mas não sair para bater asa!

 

Baixa o número de infetados

O R vai para setenta por cento

Mas será que é o momento

Para deixar de ter cuidados?

Olha que os cuidados intensivos

Ainda tem números agressivos!

Vamos pensar em deixar a casa,

um visceral discernimento

quando a penumbra se dissipa há um mítico sucesso que encarcera a nossa amargura, retorcendo-a e desbastando-a; há uma paisagem entoada pelos cânticos que se debruçam das varandas da nossa memória; e há uma catarse que se aprimora nas incisivas viagens em torno de nós.

AQUÁRIO

 

 

as marcas herdadas

pelas rugas do tempo  

acompanham a noite

como um peixe tatuado

que flutua insólito

no aquário da sala

pelas suas margens e algas

-em instável desvario-

inscrito no espelho do medo

e ecoando através da madrugada

feito um insone tormento

tortura e açoite gratuitos

ditos à meia voz

por delinquentes “espíritos”

pesadelo náutico

ou chuva desértica

maremoto incontido

interrompido no parto da alva

sentença de remissão

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