PÓS-QUANDO

 

PÓS-QUANDO

 

Quando a última estrela

visível ou não

se apagar

que mais restará?

A não ser um vago silêncio

de ausência

que permanecerá

na eternidade sombria

quando os deuses das leis

astrofísicas forem extintos.

Quais serão as equações

que descreverão a nova ordenação

do cosmo?

Decerto não haverá vida nem matéria

Nem entropia nem tempo nem nada

que justifique o paradoxo

de que “no universo

nada se cria nada se perde

tudo se transforma”.

O Poema do Morto

No caixão putrefato vou ficar
no ritmo da terra no corpo,
o ditirambo da inércia, matar.
Coveiro consolando o morto,
da funéria sombra etérea,
o divino esqueceu o cadáver
quando deu fruto a matéria;
Mornou a água do precaver,
ignorou as súplicas do filho
do fatídico Cristo-martírio.
   
Eu deveria sair do mausoléu,
mas, deixei os vermes no fel.
Caminhar no ritmo que a terra
sucumbiu minha veste férrea;
Coagir meu coração a bater
na força de bomba a crescer.

O último conto

Lágrima gelada faz derreter
o anjo da última lápide.
Gesso enfraquecido na força
da batida do último corvo,
na vertigem de sua asa,
a última morte;
nas rosas do último defunto,
o fim da primeira saudade.
Velório do assombro sujeito,
da sexta casa à direita,
donde residia a garota do
véu, aquela que faleceu
jurando vingança.
O pássaro morto no tapete
foi a prova do crime,
ninguém entendeu como,
mas assim foi o funesto fim.
Ela tinha o sonho do matrimônio,

Uma parte de mim

Uma parte de mim e festiva!
Outra ainda se enluta em querer a vida ,
Festiva parte humana feita de pó
Eu que sou quase feliz,
E de tantas lágrimas em secreto , não compreendo
O mundo lobo, aurelius de um bom tempo que me vem a carecer
Porque também foi me dado agonia...
Transito em profundo sentimento
Devido a loucura dos dias
A embriaguez das noites : doses cavalares de solitudinem
Fatores rudimentares da sobrevivência imbecil
E uma Transitoriedade fundamental
Não é ausência de prazer nem de viver ,

A Lindeza do Feio

Salvai-os da fuga do belo,
fisionômicos abutres
vivos, perpetuam o zelo
dos noctívagos alvitres;
da estética mundana.

Gárgula esdrúxula em caça
de carne podre, morgado
pela antípoda do bem; crassa.  
Revirado o pecado expurgado.

Feiura belíssima dos mancos,
que perambulam o sublime
na estrada longa dos francos.
Ao deleite da agonia, exprime.

Baila-vos na grotesca dança,
no inferno da terra carnal,
ímpio esqueleto balança...
Na festa da beleza banal.

 

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