Intervalo

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Solidão

*Solidão*

Talvez este seja meu destino
Crescer e morrer como um lixo
Talvez como algo sem valor
Porque até o lixo tem um valor

Sinto-me cansado com a vida
Sinto-me cansado de ser solitário
Já tentei no álcool me perder
Nas profundezas dos idólatras me afogar e, me amarrar no imediatismo

Mas o mundo é injusto e justo
Justo com os injustos
Injustos com os justos
Julgamos os pobres pelo dinheiro
Mas aplaudimos os riscos pelo desprezo e migalhas lamuriadas que jogam nos pobres

O pecado me afastou

O pecado me afastou

Eu me lembro, de ter saído numa, quinta ou sexta
Procurando saídas para esta miséria
E foi numa sexta que eu ia, ia num caminho sem volta.

Tanto chorei para conseguir uma megalha de pão
E o diabo apareceu, parecendo dá-me a mão
E no entanto não percebi, e comecei gritar, minha cansola mó, irmão.

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