evito os danos oriundos dos comportamentos malvados; dos motins das turbas quando transformam os seus toscos exemplos em regras gerais; das demonstrações de rancor que me forçam a proteger das intempéries vigentes.
o descalabro emocional gerou as minhas rugas mentais; o pudor que introduzi na raiz da minha sensibilidade; as fintas que efetuei à minha razão; ao cerne das minhas fundadas ambições.
louvo o milagre de existir quando me afasto das guerrilhas urbanas; quando me protejo da tristeza e do desencanto envolventes; quando abafo a deslealdade que há na conduta dos homens.
as cantigas amorosas que eu suprimi para enveredar pela razão... para que as fantasias nocivas não perturbassem os meus afazeres diários... para que a melancolia não prevalecesse no fulcro da minha existência...
as leituras que efetuei para ilustrar o meu pensamento... para expelir da alma tantas palavras imprudentes... tantos assuntos banais... tantos sermões angustiados... tantas desventuras geradas pela impiedade humana...
Queria ser um rio de natureza espetacular!
Conviver com espécimes variadas
mas sou um peixe e faço parte desta correnteza seguindo o fluxo do rio
quero sobreviver a piracema
ser um rio calmo que banha a aldeia indígena
queria ser um rio para muitas espécimes e proteger seu legado
ser um rio que mesmo no inverno não entristece
ser um rio onde quem se batiza não padeça
ser um peixe que possa a fome atender
mas sou um rio em situação dramática
um peixe solitário a nadar
a espera fanática do pescador
transbordo de ternura quando reparo na inocência duma criança: nas suas lágrimas de protesto e nos seus salubres enlaces protetores; nas suas posturas afetuosas que beliscam os juízos corrompidos das nossas vidas.
as histórias de amor fracassadas suscitam repulsa contra as misérias que elas contêm; contra os alvoroços que provocam; contra os seus grandes ódios que conduzem a terríveis desgraças.
quereria impedir os desígnios daqueles que propagam sermões que amestram as nossas consciências; que dirigem os nossos comportamentos triviais; que arremessam as nossas vidas para um pélago irracional.