Chuva
Autor: CatarinaPinho on Friday, 8 February 2013Lá fora chove,
E eu aqui sem ti,
Lá fora chove,
E eu aqui sem ti,
Seus olhos como pontes ao conhecimento, me trás o entendimento.
La estavas tu, a sorrir
Não mais resta tempo para a última dança.
Só correria,
A alegria transforma-se em pavor,
O ar negro tomou conta dos seres, dos ares,
vida bela que se esvaia, se desfaz como a própria nuvem negra.
Aprendizado assinado por vidas,
vidas que se deram o luxo pela última dança,
pela última dança em Santa Maria.
"As vítimas do incêndio em Santa Maria-RS"
a rosa que te dei
a rosa que te dei
a rosa que murchou
no dia que chorei
e nada mudou
era a mais bela que vi
era a mais encorpada
olhei-a e percebi
que me sentia culpada
foi com ela que me deixas-te
foi com ela que te recordo
na tua mão a levas-te
do sonho que não acordo
um sonho bem real
que deixou uma saudade imensa
nesse dia mortal
apagou-se a chama intensa
Eu chegara de França uns quatro dias antes
E via-me tão só n'um deserto sem fim,
Lá deixara a alegria, amores, estudantes,
Via a vida, aqui, negra adiante de mim.
Que havia de fazer? Eu não tinha um desejo,
Nada no mundo me podia estimular!
Ai quantas vezes, ao passar junto do Tejo,
Perdoa-me, Senhor! pensei em me afogar!
(A. A.)
Conta como é que existe
A tua vida á luz,
Lyrio mais casto e triste
Que os olhos de Jesus!
Quando nasceste, flor?
Quem te arrancou do chão?
Gérou-te occulto amor
De morto coração?
Ó lyrio delicado!
Ó lyrio branco e fino!
Talvez fosses creado
N'um seio femenino!
Escuta ó lyrio amado!
A flor confunde os sabios...
Talvez fosses os labios
D'aquella que hei amado!...
a Ângelo Gabriel
Filho que pai
Sem parte inteiro
E fica de mãe abanando
O leite chorado das mãos.
Pipoca de dor a saudade
Que lambe o meu carrossel
E brinca de longe pertinho
De cabra-cega no escuro
De ´tô-no-poço´ sem fim
Num quebra-cabeça de sonho
Que corre o tempo ligeiro
E esconde-esconde de mim.