Desilusão

MADRUGADA FRIA!

                        Madrugada fria eu te saudo a suspirar,
                        Mais uma vez me açoitaste o tenro sono;
                        Breve o lapso de dor veio eternizar,
                        Perdi o amor, o luxo e o trono.

                        Utilizei-me de poder e soberania,
                        De regalos te inundei, mas não o coração;
                        Cegou-me a fortuna e neguei-te alegria,
                        Quando querias em teu seio emoção.

INTRUSA!

                    Intrusa, oque fazes ao coração?
                    Absorvi tua essência em minh'alma,
                    Amarraste minha vida a um cordão;
                    Colocaste tua sorte em minha palma.

                    Debilitado ao ardor de tua pele,
                    Venho a sucumbir a desejos invensíveis;
                    Em meus olhos não há mais o que revele,
                    Tornaste meus instintos mais sensíveis.

CONSELHO MEU!

                             Ouça moça de beleza temporânea,
                             Que fazes dando glória a teu corpo?
                             Bem sabes a juventude é momentânea;
                             E seu espírito jamais é absorto.

                             Induzo-te ouvir conselho meu,
                             Prazeres mesmo bons não são eternos;
                             O amor não olha príncipe ou plebeu,
                             Mas sim o coração que não é ermo.

NO CEMITÉRIO, O ÉBRIO

Eu canto a vida, amo minha pouca saúde
No limite supremo de minha embriaguez.
Machuco as cordas do meu alaúde...
Aqui sou companheiro e a vida não tem vez.

Sinto as brumas da madrugada em minha tez,
O vento frio rumoreja no escuro céu.
Vejo na lousa o nome de um prisco francês,
E está feliz da vida, também, já morreu.

Não me espanto com uma árvore neste breu,
Mesmo que seja pavorosa e apodrecida,
Nem com o aroma – perfume de quem jazeu –
Tampouco com sua imagem: falta de vida.

Simples palavras...

Quero acordar

Desta ilusão,

Sinto que me vou jogar

Para um buraco sem chão.

Lágrimas estas vindas de dor,

Sim! Estas lágrimas que acabo de derramar,

novamente por amor.

Meus olhos ficam fundos,

cheios de solidão,

Perdida pelos mundos,

cheios de ingratidão.

Sorriso este abafo,

Sentimentos rejeitados,

Mente vazia,

antes cheia de alegria.

Vida memorizada,

de pequenas lembranças de saudade.

Que a dor não me deixe mais aterrorizada,

Musica

Aqui estou

Quase como da 1ª vez

«Lies»

Uma monocórdia de notas

E todos aquele reviver

De uma noite que me fez sofrer.

 

De forma estranha,

As memórias confundem os sentimentos

E de forma sincera

Sinto as lágrimas dessa noite,

Aqui estão,

Correndo dentro de mim

Pois já não as consigo chorar.

 

Foi a desilusão

Ou o sonho (falhado) de perfeição?

E afinal,

O céu quis-te a ti

E deixou-me derrotada,

No chão, desajeitada

Chorando o que não entendia

Um minuto antes do fim

Um minuto de silêncio
para o amor que morreu.

Só um minuto
pra marca-lo na lembrança
como em uma foto.

Para que ele possa ser lembrado
como aquele amor que nunca morreu
mas que sempre renasceu
quando outros amores você perdeu.

Um minuto
tempo para começar
tempo para recomeçar
tempo que não da para amar
tempo que não da pra deixar de amar.

Em silêncio (original)

O silêncio me faz lembrar você.
O silêncio me contas segredos
que só quem está em silêncio consegue ouvir

Escuto a voz do seu coração
me dizendo coisas em silêncio

O silêncio me invade.
Quando beijo você
só fica o som do toque dos seus lábios
que me tocam
e sussurram coisas em silêncio
de um jeito equivocado

Que me deixa em maus bocados
quando o silêncio dos teus olhos
me diz coisas que eu não quero ouvir

O silêncio me conta segredos
que só quem está em silêncio consegue ouvir

VIDA VADIA

Vida, ah doce vida!
Venha com toda força
Se abra com todas suas possibilidades
Vou fodê-la, sim sua vida vadia
Você é uma puta, mas não pagarei o preço por regaça-la!

Sua doce gentileza embriaga os sentidos
Sou seu cigarro que a cada decisão tragada vira cinzas
Sim vida vadia, sou o gole ardente de Whisky
Passo por você repentinamente e te deixo com gosto do vício.

Natimorto

Divagando pelas ruas, busca isolamento
As ruas estão povoadas de vazio
Contempla a cinzenta paisagem,
É um ponto insignificante em uma realidade inebriante
 
Um ser podre onde pairam nuvens negras
Moscas zombeteiam sua carcaça inanimada
Eviscerado, no chão jaz todo seu interior pútrido
Vai se desfazendo, mas nunca perdendo consciência de si
 
Quando o último fio desintegra, acorda,
Suor frio, ofegante e ainda existindo.

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