Desilusão

HOJE

Hoje…

Não existo

Resisto

Resisto à dor

Ao sofrimento

À tortura

Ao lamento

Ao sentimento

Ao torpor.

Hoje…

Não existo,

Insisto!

Em lutar

Contra a tristeza

Em deixar

Que a beleza

Enfeite o meu triste olhar.

 

Mário Margaride"GIL60"

O Rei Melancólico

Bate à porta do castelo de marfim

Uiva sobre a janela a sombra do vento

Esvoaçam as cortinas do firmamento

Tocam o sino e regam os jasmins.

São sobre as escadas que se põe a ouvir

Passos sorrateiros, leves e sutis

A mão que passa sobre as paredes anis

Fecha a janela onde a lua sorri.

 

De quem são as lágrimas que caem na escuridão?

Os soluços que chicoteiam as taças reais?

Estremecem o sangue e as dunas dos areais

Molham as fronhas e vazam do coração...

As feridas que pulsam e latejam

SECREÇÕES SECRETAS

Solto expurgos da memória
Porque a mágoa sempre fica,
Desamores e revoltas
São as secreções da vida.

Não há bodas,
Não há festas,
Não há prêmios,
Não há nada,
E não existe mal pior
Do que a solidão
Dessa estrada.

Tal qual um intenso corrimento
As lágrimas da dor vão escorrendo,
Nunca ouvi que houve remédio
Pra esse tipo de tormento.

Dessa vez não foi bacilo,
Não foi nem mesmo o tricomonas,
Dessa vez foi o vacilo
De querer e não ser dona.

ANGUSTIA

           ANGUSTIA

Ouço teu silencio estrangular meu riso

Vejo tua sombra roubar meu sono

E até a lucidez desse poeta insano

Delirante em febre desejou o abismo

 

Quantas noites precisarei chorar?

Com essas verdades a violentar meus sonhos

Loucos sorrateiros de verdades em punho

Mutilando o encanto do real ninar

 

E quando o grito eu precisei calar

O teu olhar aflito minha alma transpassou

Como um punhal de fogo, ácido e dor

Dilacerando os planos que eu quis ousar

 

ANGUSTIA

           ANGUSTIA

Ouço teu silencio estrangular meu riso

Vejo tua sombra roubar meu sono

E até a lucidez desse poeta insano

Delirante em febre desejou o abismo

 

Quantas noites precisarei chorar?

Com essas verdades a violentar meus sonhos

Loucos sorrateiros de verdades em punho

Mutilando o encanto do real ninar

 

E quando o grito eu precisei calar

O teu olhar aflito minha alma transpassou

Como um punhal de fogo, ácido e dor

Dilacerando os planos que eu quis ousar

 

Lisboa, portuguesa

5.
LISBOA PORTUGUESA
Lisboa
envelheceste. não há como negar: as palavras decompõem-te
como se fossem vermes a sugarem-te o sangue, o que esperavas?
a ciência não te reserva milagres.
Lisboa
cercada pela noite atlântica, por crianças ruidosas e felizes,
que ainda acreditam em ninfas e caravelas
e em Lusíadas, crianças ruidosamente empenhados no futuro.
Lisboa
cosmopolita do Minho ao Algarve,
das artérias populares e dos roteiros turísticos,
dos carros que adormecem e rodopiam e desacreditam a cidade,

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