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OS PROFANOS DO TEMPO

(Extrato do romance "Os Profanos do Tempo")

Nunca o peso de uma vitória tinha sido tão pesada. Esmagados pela força das circunstâncias, cavalgaram o silêncio, fazendo o regresso sem uma palavra.
Sem a mínima ideia do que tinha acontecido o povo celta apenas sabia que o exército romano tinha perecido pela ira dos deuses. A crença foi ganhando corpo, alimentada por cânticos e odes ao sobrenatural:

De distantíssimos espaços, troa
Um gongo sulfúreo o trovão.
Sobre vales fumegantes o pó voa
Perscrutando em vão o sinal da razão

Um tempo que virá

Um tempo que virá

 

Quem sabe haverá música nas ruas, talvez pessoas dancem
Deverá ser tempo bom, comida farta, florestas vivas
Crianças sorriam, corram, divirtam-se soltas, livres, felizes
Pessoas se respeitem, se ajudem, se amem,  se cuidem
Que seja quando a civilização acabar, alguém restará
Recomeçará nova humanidade, um novo mundo, no novo tempo
Haverá esse tempo, ele está por vir, é um tempo que virá

Charles Silva

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