Geral

Livro Fechado

Em tempos, já tive nome de livro aberto
Uma chuva de lágrimas assim me chamou.
Sob notas musicais, alma a descoberto
Revelando ao mundo aquilo que sou.

Livro que contava o tempo que passou
Página a página, o tempo que chegava
Eu era a tinta que nele se cravou
Palavra a palavra que tagarelava.

A Cantora

A Cantora

 

Aquele momento ficou registrado nas fotografias

As luzes dos flashes refletiam-se nos olhares felizes fotografados

Jeitos, trejeitos, gestos. Cada movimento era registrado inúmeras vezes

A emoção estava no ar, olhos rasos d’água tentavam exibir sorrisos

Vozes não se escutavam, apenas aplausos acalorados e assobios

Ouvindo o público pedir mais e mais, quando o show já havia acabado

Ela voltou ao palco, mas não conseguiu mais cantar de tão emocionada que estava

Um Bom Dia

Um Bom Dia

 

E no final, o que afinal sobrou de nós? Amores avassaladores são assim, quase sempre terminam no fundo de um poço escuro, de onde nem mesmo o amor é capaz de sair. É quando no depois, não sobra nem um bom dia.

 

Charles Silva

PAREI COM ISSO

PAREI COM ISSO

Procurar agulhas num palheiro, parei com isso
Questionar sentimentos, parei com isso
Entrevistar-me defronte ao espelho, parei com isso
Pensar todo dia na mesma pessoa, parei com isso
Cantar canções de amor, parei com isso
Escrever longas cartas, parei com isso
Lamentar por antigos amores, parei com isso
Esperar quem não quer vir, parei com isso
Gostar de uma mulher, nunca vou parar com isso
Tentar escrever melhor, parei com isso

Eterno Verão...

Deixa-me ficar aqui mais um pouco,
sentir-te pela última vez,
eu sei que vais voltar,
para o ano outra vez...
Só não sei se me encontrarás,
porque não sou dona do destino,
posso perder-me eu nele,
e não encontrar o teu caminho...
Deixa-me ficar mais um pouco,
fazer da areia a minha cama,
com lençóis desse mar,
que enquanto me cobre, me chama...
Grita o meu nome entre as vagas,
porque sabe que lhe pertenço,
sou filha dessa imensidão,
criada dentro do seu berço...

Mãos a parte

Mãos a parte

 

Seu corpo já conhece as minhas mãos

Elas são quase uma parte, uma extensão dele

Cada contorno, cada curva, cada estria, cada cicatriz

Minhas mãos a conhecem por dentro e por fora

Elas sabem onde tocar bem suave, bem forte e apertar

Essas mãos que tu adoras quando passeiam em ti

Puxa os cabelos, aperta os ombros, envolve teus seios

Num deslizar coxas acima, te fazem tremer e gemer

Minhas mãos e você têm um caso à parte, entre nós

 

Charles Silva

Ruas de São Paulo

Ruas de São Paulo

 

Tarde demais pra doer, longe demais pra olhar

Não há mais amor nessa cidade, ilusões ainda resistem

Em meio a praças, pontes, rios e ruas, não se vê afeto

Gente semimorta pragmática desfila, mas não anda

Edifícios, catedrais e viadutos, todas as ostentações

Enigmática é a minha passagem minuciosa, desperto olhares

Parece um mundo dentro de outro, um externo, outro interno

Ninguém fala com ninguém, nem o motorista diz bom dia

Devo ser uma ilusão holográfica em 3D que passa e pensa

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