Utópica Civilização
Autor: CharlesSilva on Wednesday, 18 September 2013Utópica Civilização
Utópica Civilização
Mãos a parte
Seu corpo já conhece as minhas mãos
Elas são quase uma parte, uma extensão dele
Cada contorno, cada curva, cada estria, cada cicatriz
Minhas mãos a conhecem por dentro e por fora
Elas sabem onde tocar bem suave, bem forte e apertar
Essas mãos que tu adoras quando passeiam em ti
Puxa os cabelos, aperta os ombros, envolve teus seios
Num deslizar coxas acima, te fazem tremer e gemer
Minhas mãos e você têm um caso à parte, entre nós
Charles Silva
Ruas de São Paulo
Tarde demais pra doer, longe demais pra olhar
Não há mais amor nessa cidade, ilusões ainda resistem
Em meio a praças, pontes, rios e ruas, não se vê afeto
Gente semimorta pragmática desfila, mas não anda
Edifícios, catedrais e viadutos, todas as ostentações
Enigmática é a minha passagem minuciosa, desperto olhares
Parece um mundo dentro de outro, um externo, outro interno
Ninguém fala com ninguém, nem o motorista diz bom dia
Devo ser uma ilusão holográfica em 3D que passa e pensa
Revolução Idiota
Gosto antes de mim, depois de mim, por último de mim. Mas gostar não é a palavra certa, tem algo mais em jogo, tem coisas que só eu sei.
Procuro ventos, escolho cores, admiro tempestades
Tequila para dias frios, cerveja para dias quentes
Faço meu almoço, meu café, meu jantar
Cuido da minha casa, minhas coisas sem valor
O mundo lá fora não precisa da minha interferência
O mundo já é idiota demais e eu não compactuo
Sem ideologias, sem partidos, sem divindades
HOMENS DE FUMAÇA
No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?
Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.
O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.
Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.
Desconexão
No meu mundo não cabe mais ninguém
Meu barco está lotado além do limite
Meus dias não são mais a pensar em ninguém
Meu universo agora tem várias outras cores
Minha casa está limpa, organizada e bem cuidada
Reservo-me o direito de estar em paz e só
No meu mundo não cabem mais telefonemas
No meu mundo não cabem mais e-mail’s
No meu mundo não cabem mais mensagens
Portanto, desconecte-se do meu mundo
Charles Silva
OLHO COM MEUS OLHOS BAÇOS!
Olho com meus olhos baços
Os rastos dos meus traços
Dos meus pés descalços
Na areia da praia!
Há no mundo montão de recalcos
Onde moram escondidos
Sonhos adormecidos,
Onde revejo apocalipses
De vivências perdidas
De vidas preenchidas
De amores refletidos,
Inútil Cultura