Geral

Asséptico

Gostaria de voltar a ser asséptico, resguardar minha pureza nas plumas tão belas. Hoje o vento me viola, e a lua cheia fita meu fracasso. Percorri terrenos tão azuis, pareciam quimeras de sonhos juvenis; hoje a escuridão estrelada decai o vigor que havia em outrora. Fui limpo um dia, mas hoje, sujo; impuro, cheio de vermes perscrutando meus órgãos: a cada segundo minhas entranhas são devoradas por decadências até ontem estranhas. 

Ir

Vai? Imperativo: serve para mandar,

Para seduzir, ser sugestão, orientar,

Querer que seja feito, apontar, ajudar,

Condicionar, manipular, influenciar.

 

Cada um vê, lê, entende sem querer,

Sente-se bem, persuadido sem saber,

Interpreta assim a sua forma de ser

E pensa que, quiçá, isso é viver.

 

Quando ir não é simplesmente ir,

Mas sim tudo o que parece existir.

Descrever-se é, tantas vezes, fingir

Que há mais para fazer que sentir.

 

Que venha cada um ser um leitor,

Porto

As conversas que mantenho comigo

Representam o meu porto de abrigo.

Os meus pensamentos são como naus

Que fogem do mar e encontram calhaus.

 

Há naufrágios que sentem o fundo

Sem terem visto metade do mundo,

E outros navios vivem amarrados

Em sargaços com seus rumos salgados.

 

Se o encontro das partes separadas

É alegria nas palavras faladas,

A espera pelos momentos conjuntos

Celebra-se até mesmo sem assuntos.

 

As conversas que mantenho comigo

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