DESDE QUE SOU DEUS
Autor: AMANDU on Wednesday, 19 June 2013EU QUERO
VER
O MUNDO.
EU QUERO
VER
O MUNDO.
No tempo do poeta França
Poeta que é poeta arruma a rima, pinta, costura e borda um verso
Quem nem o poeta França que desarrumava a palavra dando um gole de cachaça
Dos poetas itinerantes, poucos versados ainda insistem na agonia da rima
Outros migraram pra boa vista e bebem cerveja num bar da esquina
Antecessores da melancolia dos guetos que davam vida aos fantasmas sem medo
Porém, e além, destilavam-se garrafas de segredos
Naqueles versos sem enredo, somente aos lúgubres era permissivo retê-los
TEMOR E DOÇURA
MENSAGEM ELETRÔNICA
Muitos sonhos acordaram ou deixaram de ser sonhados.
Muito amor sentido teve que ser contido. Como um choro que tem que ser inibido.
Muito do antes feito e vivido teve que ser mantido sem causa e efeito.
Muitas torres erguidas em nome de um futuro desmoronaram como em um terremoto.
Muitas cores vistas acinzentaram-se em metamorfose diante de uma mensagem.
E o amor em mim quase morreu lendo o recado do fim, numa mensagem eletrônica.
Charles Silva
balada XXV
[para o Afonso]
todos os oceanos de gelo
No palco
É no palco onde sou mais verdadeiro, mais claro, mais exato. No palco todas as paixões viram baladas românticas e toda lágrima vira blues. No palco sentimentos sem nome e sem identificação mostram-se em mim. Onde me conheço e me desconheço simultaneamente, isso é estar no palco.
Charles Silva
Era glacial
Quem sabe o coração me dirá que essa escuridão um dia vai acabar, ou quem sabe o sol vai nascer e acabar com essas sombras, tenebrosas sombras dessas intermináveis noites frias. Mãos geladas, baixa pulsação, o corpo doe de frio, mas a alma resiste, não há cor, tudo é gelo ou cinza no meu coração que está em plena era glacial.
Charles Silva
Ela está comigo
Assustei com uma canção feia. A minha esquerda. A minha direita. Para olhar para a frente. Olhei para trás. Vi a cruz das 4 direções do espaço. E parei. Parei diante de um cruzamento supersticioso. Com vermes. Corados. A espernear. Saídos de buracos húmi-dos com pêlos. Pretos. Mortos.
Miguelsalgado, "Escuro"