DE TUDO;
Autor: AMANDU on Tuesday, 28 May 2013SOU
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E SOU
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Um abraço pra quem fica
Fui, estou indo e não espere por mim. Sei que depois daquela curva ninguém mais vai lembrar de mim. Fui sem promessa de voltar, pois nessa estrada um país eu vou cruzar. Pra quem fica deixo meu abraço, pode deixar que o meu caminho eu mesmo acho. Vou embora e terras distantes vou atravessar, e pra você que fica, somente o meu abraço vou deixar. Não esperem por mim, pois eu vou sumir, vou sumir de mim, vou sumir da vida. Vou sair da lembrança e apenas deixo um abraço pra quem fica.
Charles Silva
VIRTUDES
Eu tenho poucos medos
E os segredos suficientes
Alguns desejos ardentes
E muitos enganos ledos
Não tenho queixas, eu as invento
Não temo a solidão, só me defendo
No espelho da ilusão me pego vendo
Todas as razões para o acalento
Eu tenho tolos e belos erros
E os silêncios gritados
Alguns prazeres citados
Nos insaciáveis versos que escrevo
Eu vejo o horizonte escurecer e o chão sumir
Em pó o sonho ao vento se espalha
Uma dor estranha no peito que já falha
Incandesce esse cruel punhal a me ferir
Basta um olhar assim sem freio
Feito de desejo, admiração e verso
Que encharcado de desilusão confesso
É loucura acreditar que de tanto te amar, me odeio
Vejo ser ilusão minha armadura
Minha fortaleza é sombra e solidão
Se nela pensava refugiar-me da emoção
Aprisiono-me ao céu da tua loucura
Tenho a alma repleta de sonhos
Tenho os olhos cheios de mar
Vivo como um encantado a voar
Sobre os silêncios de olhares castanhos
Tenho um canto desafiador
Um incansável viajar secreto
Um impossível desejo modesto
De ser causa e efeito no amor
Tenho o caminhar deserto
Entre espinhos, traumas e flores
Entre carinhos, dogmas e dores
Um caminho de infinito coberto
Contos os dias que passei
Afogado em sofrimento
Minha dor, esse tormento
De forma subtil superei
Escondido na solidão
Chorei,
Lágrimas derramaram sobre mim
Pensei na morte
Vi-me dentro do caixão
Perdi tudo, pensei no meu fim
Agora,
Que minha dor saciaste
Rejúbilo de alegria
Não me sinto mais um traste
Vivo, sinto e vejo a luz do dia
De branco pintadas as paredes são.
Monotonamente.
Mente monótona esta minha mente.
O relógio devora as horas
que passam quadradas pelo futuro.
E, branco, ladro e mio
e vida e morte invadem
o meu pensamento catarino.
Vi uma catedral sem cúpula sobre a sua nave
pintada na retina do meu olhar ciclópico,
à sombra do sol de meio-dia que tranluz
o som metálico do tempo parado.
‘Palavras que se me emperram’
Eu queria em mim sorver,
no rumor dos meus silêncios
no fio manso da corrente...
_A leveza de escrever.
Dedilhar os sentimentos
que me enchem os instantes
e me escorrem alma adentro
frementes de inquietação.
Consagrando de prazer
os momentos delirantes
a transbordar de emoção
que vão no meu pensamento.