BANHO
Hora do banho! Banho de sol, banho de lua!
Eu pelada, e você nua!
Banho de óleo, banho com sabão feito em casa...
Que vai lá nas partes e arraza!
Queima tudo e vira uma brasa!
Banho de espuma, banho com sabonete simples!
Banho com sabonete íntimo, esse é o melhor!
Banho de pobre, é de dar dó!
Autora: Madalena Cordeiro
POR FAVOR!
Telefona pra mim, estou esperando!
CAIXA POSTAL! Deixe seu recado após o sinal!
Telefona pra mim! Estou esperando!
Para irmos ao cinema...
Esquecer os problemas!
Ter um pouco de lazer...
Vem! Vai ser bom! Você vai ver!
Autora: Madalena A. C. Rocha.
PAZ
OU VIDA
DE PARTIDA.
SAL
EU QUERO
SAL
NA COMIDA
E ARROZ
DE PARTIDA.
A LITERATURA
DÁ-ME FEBRE
TAMBÉM.
Menina que olhas o mar
Com teus olhos grandes e admirados
Procuras o barco que te leve para o outro lado.
Queres ver o teu pai que partiu faz anos
E não voltou.
Nunca percebeste porque partiu.
Nunca te o disseram.
Não te quiseram explicar
Para evitar a dor.
Quiseram ocultar-te a figura paterna.
Agora estás triste e procuras em cada canto
do mundo a resposta.
Onda vem, onda vai
nesse imenso mar
e não há noticias de teu pai.
Começo a escrever lentamente, concentrado.
Palavras atrás de palavras na mais bela sequência.
Procuro as mais simples e as mais sublimes.
Aquelas que ficam bem num pedaço de papel qualquer
Não importa o tamanho
Pois é a grandiosidade da escrita que interessa.
Faço pausas entre cigarros imaginários
Enquanto as palavras certas não surgem
no curso do rio da mente.
Tento que as mesmas convirjam em sintonia
pela estrada branca do papel rumo a um significado-
A um fim.
Nao dizes nada, nao revelas nada.
Nem no olhar, que parece vazio.
Tento olhar dentro de ti
E so o vazio parece existir
Nesse abismo que e a tua alma.
Tento furtar te um sorriso
e so tristeza vejo no teu olhar.
Faço equaçoes sem fim
e nao chego ao fim do problema.
Nao te mexes e nem uma lagrima brotas.
Nao existem emoçoes em ti
Nao pareces existir.
Sera que ainda vives?
Dou te um pedaço de chocolate.
Para te conquistar de novo.
Como um milagre teus olhos brilham de novo
Numa esplanada junto ao mar entre copos de cerveja procuro as palavras certas para o papel passar.
Dançam na cabeça sem as saber ordenar. Faço combinações procurando a inspiração do mar. Em vão, teimam em não ficar naquele papel de rascunho para mais tarde recordar.
As ondas dançam à medida que bebo.
Junto as palavras embriagadas pela cerveja, construindo e desfazendo frases como castelos na areia.
Roto e descalço o poeta escreve seus versos.
Deambulando aqui e acolá faz de sua arte afago para a fome cujo talento não enche barriga.
A troco de cêntimos ou euros dos mais generosos capricha sua escrita de modo a encher sua marmita.
Ao menos lhe dessem também uns sapatos que os calos e feridas são duros de aguentar.
E também uma vestimenta nova que andar roto não dá dignidade ao seu ar.