Geral

Não sei de mim...

 

Não sei por onde ando,
hoje não sou dona de mim,
pertenço à imensidão das horas,
que me corroem sem fim…

Soltei o grito calado,
que sufoca a solidão,
e nas asas do vento,
deixei ir o coração…

Sinto a brisa tocar-me,
embalar o meu lamento,
no bailado das ondas do mar,
afoguei o pensamento…

Deixai-me ir sem destino,
porque me quero de mim perder,
por vezes prender-me em mim,
é mais cruel que morrer…

Ártemis

 

*NA RUA*

Veijo-a sempre passar séria, constante,
--Ás vezes, inclinada na janella,--
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.

Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D'um Christo n'uma estreita e escura cella.

Seu olhar virginal como as crianças
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da Força ao choque rude.

DESPEDIDA

DESPEDIDA

Cansei dos meus versos

Porque não quisestes lê-los

Juntarei todos os escritos

Em uma bandeja de prata

Que pertenceu a minha finada avó

E na lembrança da morta

Erguerei uma pira feita de poemas

Inflamados com os restos de uísque

Deixados em garrafas inacabadas.

Na minha dolorosa embriaguez

Beijarei tua fotografia, e... juro

Será esta a última vez

Tua foto então reacenderá o fogo

E embriagado assistirei a cremação

De tudo quanto me faz lembrar

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