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Confissão d'uma rapariga feia (INCOMPLETA)

    Ha raparigas n'este mundo,
    Ha raparigas que são feias,
    Mas nenhuma tanto como eu.
    De mim tenho nojo profundo,
    Ciumes do Sol, das luas cheias,
    Que vão tão lindas pelo céo!

    Nos arraiaes, nas romarias,
    Adelaides, Joannas, Marias,
    Todas tem par, mas menos eu.
    Todas bailam, rindo e cantando,
    E eu fico-me a olhal-as scismando
    Na sorte que o Senhor me deu!

*CONFISSÃO A UMA VIOLETA*

Eu confesso-me a ti, doce flor delicada!
Recolhida, modesta, e sol da singeleza,
Das vezes que atravez da verde natureza
Fiz soar com orgulho a bulha do meu nada!

Em vez de amar a vida humilde, chã, callada,
Do sabio estoico e são, exemplo d'inteireza,
Quantas vezes cuspi no Justo e na Belleza;
E cri-me o Fogo e a Luz da géração creada!

Orgulho! orgulho vão! Vaidade e mais vaidade!
Como disse o rei sabio e justo á claridade
Dos astros da Judea e ao gyro dos planetas!...

Elevação Equivoca

 

A terra chama, sem voz que o diga

Suando ao sol, um fôlego alterado

Onde o Homem come, sobre o estrado;

De esforço, tanto, que lhe compense a fadiga…

Qual encontro marco no destino

Se é rua, do meu ser, (pequenino) …

 

Já os caminhos estavam trilhados

Sobre passos desorientados, tementes

Que em seus desejos, medos ardentes

Haviam perdoado, os olhos fechados…

- Pois, que se abram outras qualidades

Quais vençam, sempre, as vontades.

*A MUSA VERDE*[1]

Il apellait l'absynthe sa «muse verte»
     (Les derniers bohémes)

     Io vidi gia al cominciar del giorno
     La parte oriental del ciel tutta rosata.
     (Dante. Purg.)

Infelizes!--os sujos, verdes limos,
Que vezes não tem visto os afogados!...
Corações tantas vezes sobre os cimos
Do Ideal! e que o Vicio tem marcados!

Quem os leva por esses vis atalhos
Do Desespero, Fome e Suicidio,
E ao verde absintho e aos sordidos baralhos!
--Elles que leram Dante, Homero e Ovidio?

Ladainha da Suissa

A MARTINHO DE BREDERODE

    Quando cheguei aqui, dizia baixo o povo
    Pelas ruas, vendo-me passar:
    --Vem tão doentinho, olhae! e é ainda tão novo...
    E assim sósinho, sem ninguem para o tratar!
            (Que boa a Suissa! que bom é este povo!)

    Raparigas de luar, pastoras d'estes Andes,
    Diziam entre si: Quem será este senhor?
    Todo de preto, tão pallido, olhos tão grandes!
    E rezavam por mim, baixinho, com amor.
            (Ó pastoras tão meigas d'estes Andes!)

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