Cacida da Mulher Estendida
Autor: Federico García... on Wednesday, 16 January 2013Despida ver-te é recordar a terra.
Despida ver-te é recordar a terra.
Eu não sei, ó meu bem, cheio de graças!
Se tu amas no Outomno--já sem rosas!--
A longa e lenta chuva nas vidraças,
E as noutes glaciaes e pluviosas!
N'essas noutes sem luz, que--visionarios--
Temos chymeras misticas, celestes,
E scismamos nos pobres solitarios
Que tiritam debaixo dos cyprestes!
Que evocamos os liricos passados,
As chymeras, e as horas infelizes,
Os velhos casos tristes olvidados,--
E os mortos corações sob as raizes!
Quando a erva crescer em cima da minha sepultura,
Seja este o sinal para me esquecerem de todo.
A Natureza nunca se recorda, e por isso é bela.
Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã.
As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço,
Da trovoada de depois de amanhã?
Varios Poetas vieram á Madeira
(Pela fama que tem) a ares do Mar:
Uns p'ra, breve, voltarem á lareira,
Outros, ai d'elles! para aqui ficar.
Esta ilha é Portugal, mesma é a bandeira,
Morrer n'esta ilha não deve custar,
Mas para mim sempre é terra extrangeira,
Á minha patria quero, emfim, voltar.
Ilhas amadas! Ceu cheio de luas!
Ah como é triste andar por essas ruas,
Pallido, de olhos grandes, a tossir!
N'um paiz longe, secreto,
Lendaria ilha affastada,
Jaz todo o dia sentada
N'um throno de marmor preto.
No seu palacio esculpido
Não entram constellações;
Os tectos dos seus sallões
São todos d'ouro polido!
Nas largas escadarias
Sobem vassallos ao cento,
De noute suluça o vento
N'aquellas tapeçarias.
E pelas largas janellas
Fechadas, sempre corridas,
Ha flores desconhecidas
Que não olham as estrellas.
Tenho medo de perder a maravilha