Eu Sou Assim
Autor: Miguel França S... on Thursday, 10 January 2013
Eu sou Assim.
Guel Brasil.
Não sou bonito nem feio
Não sou rico nem sou pobre,
Não tenho muita leitura
Não sou plebeu nem sou nobre.
Não sou branco nem sou negro
Eu sou Assim.
Guel Brasil.
Não sou bonito nem feio
Não sou rico nem sou pobre,
Não tenho muita leitura
Não sou plebeu nem sou nobre.
Não sou branco nem sou negro
Tenho de cair para me levantar
Enquanto me levanto em tropeço
E em tantas quedas, da vida não me esqueço
Enquanto cair e me puder levantar
- Ontem, esbarrei neste caminho
Cambaleando em direcção ao chão
No pulsar activo do coração
Por todas as direcções do meu destino
- Hoje, caminho e tropeço
Caio, levanto-me e volto a cair
Sem parar de me levantar e pedir
Para voltar a cair, mesmo quando não peço
- Amanhã, vou aprender a cair
Mesmo antes de me levantar
Para saber como pisar
Narra-se o poema, ao consumo da reticência
Pelo olhar longínquo, no horizonte do Poeta
Mais alto que a voz, anseio de Profeta
Ao maior das marcas em sua existência
Louva-se o vento, aventureiro abastado
Comendo, por dentro, o pó da essência divina
Ao cantar da lágrima, num sopro que o defina
Por um pouco ao desdém do tempo encontrado
Que as flores prosperem, ao saber da Primavera
Florindo nas cores do olhar capaz
De onde se rompa o peito, libertando a paz
A multidão consumia-me com os olhos;
Tu: Embrulhavas-te no convívio do entretenho;
Eu: Passava por ti; ao largo, quando, no meu coração,
Havia a revolta das diferenças, “por me sentir único”
«Quando queria ser mais: Mais que gente…
E encontrar-te, para mim, naquela virada da sorte;
Tão certa quanto a morte…
Onde teu beijo me acordasse, uma alegria urgente» …
Para se recitar no theatro do Príncipe-Real
Senhores! vêde o sol; diariamente
Nasce, cruza esse espaço e, no poente,
Acaba de brilhar.
É util, é preciso, é necessario,
Não é pois inconstante, não é vario;
É certo, é regular!
Hervas que nutrem, animaes que comem,
E a imagem de Deus--que falla--o homem,
Sem essa luz, dizei:
Vegetavam acaso, existiriam?
Os echos d'esses valles repetiam
Alguma voz? O que!...
7-5-1914
Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Tu que não crês, nem amas, nem esperas, Espirito de eterna negação, Teu halito gelou-me o coração E destroçou-me da alma as primaveras... Atravessando regiões austeras, Cheias de noite e cava escuridão, Como num sonho mau, só oiço um não Que eternamente echôa entre as esféras... --Porque suspiras, porque te lamentas, Cobarde coração? Debalde intentas Oppôr á Sorte a queixa do egoísmo... Deixa aos timidos, deixa aos sonhadores A esperança van, seus vãos fulgores... Sabe tu encarar sereno o abismo!
Em torno da mesma idéa, Meu ardente pensamento Constantemente volteia. Que horas estas de tormento! E póde viver-se assim? Que força tens, coração? Pois tudo que sinto em mim És capaz de supportar? Oh! basta! por compaixão Deixa emfim de palpitar! Agosto de 1856.