Geral

Eu Sou Assim

 

Eu sou Assim.

                               Guel Brasil.

            Não sou bonito nem feio

            Não sou rico nem sou pobre,

            Não tenho muita leitura

            Não sou plebeu nem sou nobre.

 

                        Não sou branco nem sou negro

Caindo com Glória

  

Tenho de cair para me levantar

Enquanto me levanto em tropeço

E em tantas quedas, da vida não me esqueço

Enquanto cair e me puder levantar

- Ontem, esbarrei neste caminho

Cambaleando em direcção ao chão

No pulsar activo do coração

Por todas as direcções do meu destino

- Hoje, caminho e tropeço

Caio, levanto-me e volto a cair

Sem parar de me levantar e pedir

Para voltar a cair, mesmo quando não peço

- Amanhã, vou aprender a cair

Mesmo antes de me levantar

Para saber como pisar

Varão Extinto

 

 

 

Narra-se o poema, ao consumo da reticência

Pelo olhar longínquo, no horizonte do Poeta

Mais alto que a voz, anseio de Profeta

Ao maior das marcas em sua existência

 

Louva-se o vento, aventureiro abastado

Comendo, por dentro, o pó da essência divina

Ao cantar da lágrima, num sopro que o defina

Por um pouco ao desdém do tempo encontrado

 

Que as flores prosperem, ao saber da Primavera

Florindo nas cores do olhar capaz

De onde se rompa o peito, libertando a paz

Alegria Urgente

 

 

A multidão consumia-me com os olhos;

Tu: Embrulhavas-te no convívio do entretenho;

Eu: Passava por ti; ao largo, quando, no meu coração,

Havia a revolta das diferenças, “por me sentir único”

«Quando queria ser mais: Mais que gente…

E encontrar-te, para mim, naquela virada da sorte;

Tão certa quanto a morte…

Onde teu beijo me acordasse, uma alegria urgente» …

VIRGINIA

Para se recitar no theatro do Príncipe-Real

    Senhores! vêde o sol; diariamente
    Nasce, cruza esse espaço e, no poente,
            Acaba de brilhar.
    É util, é preciso, é necessario,
    Não é pois inconstante, não é vario;
            É certo, é regular!

    Hervas que nutrem, animaes que comem,
    E a imagem de Deus--que falla--o homem,
            Sem essa luz, dizei:
    Vegetavam acaso, existiriam?
    Os echos d'esses valles repetiam
            Alguma voz? O que!...

_ESTOICISMO_

 

Tu que não crês, nem amas, nem esperas,
Espirito de eterna negação,
Teu halito gelou-me o coração
E destroçou-me da alma as primaveras...

Atravessando regiões austeras,
Cheias de noite e cava escuridão,
Como num sonho mau, só oiço um não
Que eternamente echôa entre as esféras...

--Porque suspiras, porque te lamentas,
Cobarde coração? Debalde intentas
Oppôr á Sorte a queixa do egoísmo...

Deixa aos timidos, deixa aos sonhadores
A esperança van, seus vãos fulgores...
Sabe tu encarar sereno o abismo!

PIEDADE!

 

      Em torno da mesma idéa,
      Meu ardente pensamento
      Constantemente volteia.
      Que horas estas de tormento!
      E póde viver-se assim?
      Que força tens, coração?
      Pois tudo que sinto em mim
      És capaz de supportar?
      Oh! basta! por compaixão
      Deixa emfim de palpitar!

Agosto de 1856.

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