Cacida da Mão Impossível
Autor: Federico García... on Tuesday, 15 January 2013Não quero mais que uma mão, 
Não quero mais que uma mão, 
Ia o vapôr singrando velozmente
	O verde mar antígo e caprixoso,
	Á rude voz do capitão _Contente_,--
	Um rubro homem do mar silencioso.
	Demandava a Madeira,--a ilha bella,
	A patria excelsa e celebre do vinho,
	A viagem foi curta; e no caminho
	Intentei relações com _Arabella_.
	Arabella era a lyrica ingleza,
	Loura, pallida e fragil como um vime,
	Que traz sempre a sua alma meiga presa
	D'algum amor profundo, mas sublime.
Pouco me importa.
Pouco me importa o que? Não sei: pouco me importa.
Para além do Universo luminoso, Cheio de fórmas, de rumor, de lida, De forças, de desejos e de vida, Abre-se como um vácuo tenebroso. A onda desse mar tumultuoso Vem ali expirar, esmaecida... Numa immobilidade indefinida Termina ali o ser, inerte, ocioso... E quando o pensamento, assim absorto, Emerge a custo desse mundo morto E torna a olhar as coisas naturaes, Á bella luz da vida, ampla, infinita, Só vê com tédio, em tudo quanto fita, A illusão e o vasio universaes.
    Vae o teu Pae andar ao sol de verão,
	    E mais á chuva e ao vento; e só depois
	    Poderá ter a colheita d'esse pão
	    Que semeou cantando ao pé dos bois.
	    Feliz que eu fui em te encontrar na vida,
	    Minha dôce Constança desejada!
	    Antes de vêr-te a ti não via nada,
	    Nem para mim a lua era nascida.
	    Tu vaes partir em breve com teu Pae
	    Por esse mar que tão piedozo está.
	    Não sêde amargas, ondas, mas chorae!
Foste-te, ó luz das solidões amenas!
	Ó grandes olhos tristes, ideaes!
	--Partiste, casta pomba d'alvas pennas,
	Em procura dos lucidos pombaes!
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	Tu estás hoje entre as hervas e as poeiras,
	Ou cheia de celestes claridades!
	Ó doce irmã das rolas companheiras!
	Por ti ouço chorar as larangeiras!
	E de luto vestirem as saudades!