Geral

Sombras

Sombras

 

Meus olhos se encheram de emoção

Diante das águas tranquilas do rio

Um sorriso iluminado acompanhou o meu olhar

Por entre os orvalhos da saudade

Tu estavas lá, olhando o rio

Com teu ar sereno e misterioso

Rodopiavas em pensamentos ao som do barulho do vento

É quase outono, o sol já se esconde envergonhado

Por entre as folhagens das árvores que teimam em cair

Como um pescador de sonhos

Alimentas a alma nos reflexos das águas do rio

Meu coração é uma folha solta no ar

Setembro

Setembro

 

Há um prenúncio de chuva

No perfume que a nuvem comprime

As folhas subtis das árvores

afagam suavemente o solo

pintando de cor a calçada

O vento do Norte

Mima com beijos suaves

As folhas que perderam a cor garrida

Num delírio enfraquecido do verão.

Ergue-se setembro

As estradas dos meus sonhos

Reabrem-se dentro de mim

O vento traz o fresco às madrugadas

A brisa baila por entre os campos

E eu sentada no banco do jardim

Doce quimera

Doce quimera

 

Nesta vida efémera

Onde o vento silencia

E a lua prateada se transforma

A ilusão e a fé, dão sentido à minha vida

Doce quimera…

Por de trás de um sorriso, anunciaste a tua partida

Mas em que instante te deixei de ver?

Em que momento te reencontrei?

Não, não estás sobre a água

Não, não estás por entre as chamas

É o vento, o mar e o fogo que te sustentam

E se te quero ver, tenho que fugir das estrelas

Este aperto silencioso, é difícil de entender

Os poetas

Os poetas

 

Às vezes se apaixonam por musas

Silenciam, argumentam, discutem

Com a folha de papel e a caneta

No final do dia quando anoitece

Procuram a paz

E quando se encontram a sós com a alma

A poesia acontece!

Tiram dentro do peito a Emoção

Aspirando o aroma da poesia

Os versos que escrevem

Vêm de dentro do coração

As almas dos poetas

Não as entende ninguém

Escrever, é a sua terapia

Conjugam o verbo amar

Em perfeita harmonia

Mãos de poeta

Mãos de poeta

 

Revelam cores de sentimentos

Constroem castelos sobre o mar

Imaginam um outro céu

Em horas incertas

Mãos de poeta

Têm o céu traçado na linha da vida

Mãos de ternura orvalhada

Que escrevem sobre o por do sol

E amanhecem frias quando surge a aurora

Mãos de poeta

Escrevem metáforas de um sonhar

Transformam montanhas

Num sublime verso

E em cada verso travam sementes

Que lançam em água límpida

Transformando as palavras num rio de prata

Detalhes

Detalhes

 

 

Pequenos gestos e caricias

silêncios velados

Calor da alma

Em cada suspiro, nasce a inspiração

Na simplicidade do vento

Voam fragmentos de cartas

Onde foram lidas as entrelinhas

E esmiuçados todos os detalhes

De uma poesia inventada.

No eco de antigas palavras

A poesia silencia os medos

E desenvolve a inteligência do coração

E é nos pequenos detalhes

No ondular das ondas do mar

Que as almas enamoradas se encontram

Compasso do amor

Compasso do amor

 

O doce mel

Rodopia por entre os versos

Ao ritmo de uma paixão

Momento delicado de duas almas

Em subtil dedicação.

A poesia faz-se presente

E alinha sentimentos

Em total veneração.

Neste compasso do amor

Há jardins perfumados

Onde chilreiam os pássaros

Em corações apaixonados.

Compasso do amor

Que embriaga corações sensíveis

De carinho galanteador

Incendeia o Brilho do olhar

E a um ritmo cardíaco descompassado

O sol

 

        O sol dourado despontou. Ele me sorriu!

        Meu olhar voltou-se para ao alto e agradecí.

        Meus olhos marejaram com sua luminosidade.

        Seu calor à me abraçar.

        Reverêncio a sua genorosidade  e, sua  grandiosidade.

 

Nereide

       

Esquecê-lo-ei

Embrutece-lo-ia no alvorada de um certo dia.
Embrutece-lo-ia com o choro do que não sentia
Embrutece-lo-ia num castelo beira-mar
Embrutece-lo-ia numa república voraz
 
Esquecê-lo-ei pus me a brindar
Esquecê-lo-ei sentido-ausente, capataz
Esquecê-lo-ei nas tormentas do 'tudo-nada'
Esquecê-lo-ei nos discursos a propagar
 
Mas tudo, enfim, chega ao início
No fim do percurso ou de um ciclo
Embrutece-lo-ia esquecê-lo-ei!

Voltar ao real

Um momento de paz.

Serena está a tarde, e faz

Meu corpo cansado repousar

Um instante, o bastante para flutuar.

 

O espirito liberta-se do corpo

Aberto o casulo vai sendo levado ao topo

Pelo espaço entre astros em silêncio,

Profundo; o mundo cintila com licêncio.

 

Agradecida pelo momento milenar

Peço, imploro, não jamais findar

Rodopiando em volteios, sou sugada

Feito um cometa volto ao real novamente plugada.

 

Nereide

 

https:/novanereide.blogspot.com

Pages