Geral

Da boca ressoa a alma fechada

Nesse estado que me encontro
a poesia não se faz de vítima,
a vítima sou eu e a vida molesta
os versos do sangue depressivo.

Mãos abertas e a boca fechada,
não falo o que quero, mas
escrevo sobre feridas teológicas.
Metafisicamente silencioso…

Sou um sujeito das sombras,
refletindo um mundo problemático.
Deus, se há, é hora de iluminar,
pois sem ti a escuridão é perpétua.

Eu detesto discordar

Sinto-me bobo ao discordar,
não importa se é da política,
economia ou do militar.
Minha opinião é fatídica,
sou tão burro quanto o isentão:
sobre o biscoito da vovó,
ou do tecido de algodão
de seu vestido, fico só;
Sozinho penso em responder,
crio mil teorias e travo.
Empaco no que vou fazer,
e se for pra me deixar bravo,
diga somente assim: opine!
Disserte sobre isso, Matheus.
Vejo como quem diz: assine

'A LEVES PENAS'

A partir dessa data declaro que não irei mais sofrer!
E quando foi mesmo que isso começou... e pra quê?!
Não quero mais sofrer por causa disso ou daquilo,
daquele, daquela, desse e muito menos por isso!
Chega de sofrer, de sofrimento, de dor, lamento, tristezas, angústias!
Ah, sofrer...!
Se um dia eu comecei com isso, um dia eu também posso parar,
é só tentar... só querer!
Mas que seja sem nenhum esforço, se não já estarei 'sofrendo' de novo!

Contando com o acaso

Estou jogando pro universo
esperanças e acasos,
espero receber em troca
um presente eternal.

Espero pagar com o imerso
sistema único primordial:
propósito, missão e disciplina,
talvez, quem sabe, capital.

A mente parece um túnel:
é um verso pra quem lia
trechos de um escuro
poema universal.
 

PORTO PERTO DE MIM

 

 

 

agora é só eu e mim

ancorado no porto do fim

pronto a devastar-me

em dúvidas

pronto para aviltar o mundo

-e daí?

se me ignoro ou me dou amor

-é somente isso?

(larvas e xisto

na xícara de café)

-que mais poderia ser?

senão:

uma lesma perplexa

no mormaço da tarde

ou um simples alarde

que me anuncie

todo o fascínio do mundo

 

 

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