Mas Ainda Vou a Tempo
Autor: António Cardoso on Wednesday, 23 April 2014Chego tarde à vida, mais ainda vou a tempo,
Não sei o que pensas, mas não para o meu pensamento.
Vou atrás do que quero, mas não consigo ver,
Chego tarde à vida, mais ainda vou a tempo,
Não sei o que pensas, mas não para o meu pensamento.
Vou atrás do que quero, mas não consigo ver,
PEREGRINO
Sou um peregrino do tempo,
de alma corroída e sem saber fixar-me,
deambulo, numa saga buscando a verdade,
procuro no passado e no sentimento,
a eloquente razão para encontrar-me,
apagando a sombra, que me invade.
Como um samaritano percorro,
lentamente a estrada da expiação,
apenas um nada, preenche o vazio
espaço que no pensamento, escorro,
dissecado no processo de reflexão,
esconjurado do seu homizio.
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Hoje li um poema
Como quem toma uma hóstia.
Nem sempre a poesia – tal qual a vida –
Possui este arrebatamento transcendental.
Sei que existe magia em meu redor,
Mas ela não está sempre disponível para mim.
A minha cabeça está pouco tempo livre
E no meu ser manifesta-se esta incapacidade:
Umas vezes, quero e não posso;
Noutras, posso mas não me predisponho…
E a vida arrasta-se num somatório de promessas adiadas!
Como um peregrino, caminho ao encontro da beira do espaço e do tempo
Acordei ao som do marulhar de um lago
Trago na minha bagagem
roupas em cores e tons básicos
* _* _ *
Hoje,
Sentei-me à espera
Que o tempo passasse.
E esse rude tempo
(Que desde sempre nos foge),
Acabou mesmo por escapar.
Amanhã,
Talvez me volte a sentar
Para dar novas asas
Às vãs expectativas.
Sendo tão humano
Como qualquer outra pessoa,
Tenho o direito de cultivar
A minha ociosidade!
02.08.2011, Henricabilio
Naquela viela estreita, gentios horrores
Um bafo quente, de estranhos odores
Com nome esquisito Rua das Atafonas
Tabernas esconças, cheiros e sabores
Putas, encostadas, em porta carcomida
Gastas pelo tempo, escadas da má vida!
Vendem o corpo mal nutrido,desajeitado
De mamas caídas suportadas em trapos
Pernas ao léu, varizes azuis aos esses desenhadas