Meditação

Intermitências de Março

INTERMITÊNCIAS DE MARÇO

Pela vidraça, imperceptíveis sons de rua
Amornam o sol de março que atravessa a minha desolação…
E há lugar a intermitências amarelas tatuadas na parede nua…

A cal do meu cativeiro aninha-se ao colo de Mozart…

Lá longe, o mar traduz a desesperança de um povo solitário
Em batidas de maré menor.

E na luz tremente de um dia aspirado
Fluem ásperos anseios a coroar nuvens
Silêncios de dor
Ao entardecer…

Inquietação

Há na minha inquietação
Um lugar só teu
Que não pode ser ocupado
Nem restar vago

Lugar imaginário
De uma realidade crua
Desperto quando
No turvo das noites
O teu nome vem soprado no vento

E eu
Perdido... na madrugada
Vagueando na cidade dos anjos
Envolto numa penumbra luminosa
De onde emerges...
Apenas... para me abraçar...
Assim...

O CIPRESTE QUE SE ERGUE NO PÁTIO

O cipreste que se ergue no pátio

Na calma neblina da manhã

Dita em arrogância e coragem

A vida que lhe sobra por entre

A seiva, a corrente e a vagem

 

Iniciáticas todas as imagens

Destes elementos imutáveis de real

Nós é que sobramos da paisagem

E nos esfumamos breves no coral

Na praia, na planície e no areal

 

Ficam os nossos objectos, os resquícios

Reais de nós, como rastos de lava

Pedaços de vida, rastos de caracol

E a carne quente e astral do que somos

ORAÇÃO DE MUNDO UM AFLITO

                                        ORAÇÃO DE UM MUNDO AFLITO

Senhor, dá-me uma saída... Para eu ver suas promessas se cumprirem na minha vida. Ouve o que tenho dito, palavras de um coração aflito!

Não que, preciso ver para crer... Porque creio sem ver!

Estou cercado, de todos os lados! Como têm crescido o número dos meus inimigos!

São mais numerosos do que os cabelos da minha cabeça! Salmos 69: 4

Senhor, não deixe que eu pereça... Estou aqui, á confiar, que Tu irás me ajudar... 

Não há outro Deus em quem posso esperar.

ORAÇÃO DE UM MUNDO AFLITO

                                            ORAÇÃO DE UM MUNDO AFLITO

Senhor, dá-me uma saída... Para eu ver as suas promessas se cumprirem na minha vida... Ouve o que tenho dito, palavras de um coração aflito.

  Não que, preciso ver para crer.

  Porque creio sem ver! Estou cercado, de todos os lados!

Como têm crescido o número dos meus inimigos!

São mais numerosos do que os cabelos da minha cabeça! Salmos 69: 4

Senhor, não deixe que eu pereça... Estou aqui, à confiar, que Tu irás me ajudar.

  Não há outro Deus, em quem eu posso esperar!

Não me Interessa

Não me interessa se estou para morrer,

Pois a minha vida a muito que levas-te.

Não me interessa se te vou esquecer,

Porque tu de mim jamais te lembraste.

 

Não me interessa se guardas de mim rancor,

Porque a tua opinião nunca foi boa a meu respeito.

Não me interessa se sentimos, ou não, amor,

Porque há muito roubaste o coração do meu peito.

 

HARMONIA CELESTE

Vem de ti, quando erras pelo areal
A longe teu palácio de cristal
Olhando, toda a candura infinita,
O orvalho que dos olhos do eremita
Fulgura numa manhã radiante.
E, como se isso não fosse o bastante,
Vem de ti as alvas pombas do céu,
Dos campos lautos o fagueiro mel,
Os anjinhos que brincam no ribeiro;
O teu olhar casto é um celeiro,
Onde se encontra da vida o tesoiro,
Onde resplendem os sonhos vindoiros.
Teu perfume na corbelha de flores
Causa no seio intensos amores.

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