Meditação

PEREGRINO

PEREGRINO

Sou um peregrino do tempo,
de alma corroída e sem saber fixar-me,
deambulo, numa saga buscando a verdade,
procuro no passado e no sentimento,
a eloquente razão para encontrar-me,
apagando a sombra, que me invade.

Como um samaritano percorro,
lentamente a estrada da expiação,
apenas um nada, preenche o vazio
espaço que no pensamento, escorro,
dissecado no processo de reflexão,
esconjurado do seu homizio.

A HÓSTIA

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Hoje li um poema
Como quem toma uma hóstia.

Nem sempre a poesia – tal qual a vida –
Possui este arrebatamento transcendental.

Sei que existe magia em meu redor,
Mas ela não está sempre disponível para mim.

A minha cabeça está pouco tempo livre
E no meu ser manifesta-se esta incapacidade:

Umas vezes, quero e não posso;
Noutras, posso mas não me predisponho…

E a vida arrasta-se num somatório de promessas adiadas!

Perdoar

       PERDOAR

 

 Grande é a palavra perdoar.

Esquecida - a ofensa vai ficar.

Submissão? talvez  sabedoria.

Na sua prática e não na  teoria

Pela cultura que nos foi dada

Por legado? – formação eu diria!

 

Grande é a palavra odiar - o oposto!

Uma das faces do mesmo rosto,

na mesma moeda, representadas

O ÓCIO

* _* _ *

Hoje,
Sentei-me à espera
Que o tempo passasse.

E esse rude tempo
(Que desde sempre nos foge),
Acabou mesmo por escapar.

Amanhã,
Talvez me volte a sentar
Para dar novas asas
Às vãs expectativas.

Sendo tão humano
Como qualquer outra pessoa,
Tenho o direito de cultivar
A minha ociosidade!

02.08.2011, Henricabilio

RECORDANDO

Naquela viela estreita, gentios horrores

Um bafo quente, de estranhos odores

Com nome esquisito Rua das Atafonas

Tabernas esconças, cheiros e  sabores

Putas, encostadas, em porta carcomida

Gastas pelo tempo, escadas da má vida!

 

Vendem o corpo mal nutrido,desajeitado

De mamas caídas suportadas em trapos

Pernas ao léu, varizes azuis aos esses desenhadas

Questionamentos

Voo por mundos fora,

Há procura do meu lugar.

Não há maior demora,

Que a de nos encontrar.

 

Às vezes chove sobre nós,

Molha-se o nosso olhar.

Às vezes cala-se a voz,

Que nos costumava chamar.

 

Tentamos ser heróis,

Mas somos simples mortais.

Não pensamos no depois,

E o tempo não recua, jamais.

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