Meditação
O ÓCIO
Autor: Henricabilio on Friday, 28 March 2014* _* _ *
Hoje,
Sentei-me à espera
Que o tempo passasse.
E esse rude tempo
(Que desde sempre nos foge),
Acabou mesmo por escapar.
Amanhã,
Talvez me volte a sentar
Para dar novas asas
Às vãs expectativas.
Sendo tão humano
Como qualquer outra pessoa,
Tenho o direito de cultivar
A minha ociosidade!
02.08.2011, Henricabilio
RECORDANDO
Autor: Hélder Fernando... on Friday, 28 March 2014Naquela viela estreita, gentios horrores
Um bafo quente, de estranhos odores
Com nome esquisito Rua das Atafonas
Tabernas esconças, cheiros e sabores
Putas, encostadas, em porta carcomida
Gastas pelo tempo, escadas da má vida!
Vendem o corpo mal nutrido,desajeitado
De mamas caídas suportadas em trapos
Pernas ao léu, varizes azuis aos esses desenhadas
Questionamentos
Autor: António Cardoso on Wednesday, 26 March 2014Voo por mundos fora,
Há procura do meu lugar.
Não há maior demora,
Que a de nos encontrar.
Às vezes chove sobre nós,
Molha-se o nosso olhar.
Às vezes cala-se a voz,
Que nos costumava chamar.
Tentamos ser heróis,
Mas somos simples mortais.
Não pensamos no depois,
E o tempo não recua, jamais.
Contido ou Descontido
Autor: Yrto Mourao on Wednesday, 26 March 2014Abstrato
Autor: Miriam Soares on Monday, 24 March 2014Intermitências de Março
Autor: Conceição Oliveira on Sunday, 23 March 2014INTERMITÊNCIAS DE MARÇO
Pela vidraça, imperceptíveis sons de rua
Amornam o sol de março que atravessa a minha desolação…
E há lugar a intermitências amarelas tatuadas na parede nua…
A cal do meu cativeiro aninha-se ao colo de Mozart…
Lá longe, o mar traduz a desesperança de um povo solitário
Em batidas de maré menor.
E na luz tremente de um dia aspirado
Fluem ásperos anseios a coroar nuvens
Silêncios de dor
Ao entardecer…
Inquietação
Autor: Paulo Lemos on Sunday, 23 March 2014Há na minha inquietação
Um lugar só teu
Que não pode ser ocupado
Nem restar vago
Lugar imaginário
De uma realidade crua
Desperto quando
No turvo das noites
O teu nome vem soprado no vento
E eu
Perdido... na madrugada
Vagueando na cidade dos anjos
Envolto numa penumbra luminosa
De onde emerges...
Apenas... para me abraçar...
Assim...
Contemplação
Autor: fernanda r. mesquita on Sunday, 23 March 2014
O CIPRESTE QUE SE ERGUE NO PÁTIO
Autor: Rogélia Proença on Sunday, 23 March 2014O cipreste que se ergue no pátio
Na calma neblina da manhã
Dita em arrogância e coragem
A vida que lhe sobra por entre
A seiva, a corrente e a vagem
Iniciáticas todas as imagens
Destes elementos imutáveis de real
Nós é que sobramos da paisagem
E nos esfumamos breves no coral
Na praia, na planície e no areal
Ficam os nossos objectos, os resquícios
Reais de nós, como rastos de lava
Pedaços de vida, rastos de caracol
E a carne quente e astral do que somos