Ser
Autor: Kira on Sunday, 1 December 2013Os nossos mundos vão mais além. Além daquilo que fomos e ainda conseguimos ser.
Os nossos mundos vão mais além. Além daquilo que fomos e ainda conseguimos ser.
Uso decrépitas palavras
Para expressar meu sentimentos novos.
Aquele a quem olhas,
Não é quem pensas
Não é quem presumes ser.
Quem és tu?
Me perguntam.
Não sei quem sou,
tampouco te interessa,
Só eu preciso saber quem sou.
O que fazes tu?
Sou um pensante,
apenas penso
Nada faço.
Nada tenho, nada abraço
Nada.
"O melhor caminho"
Não preciso que me digas qual o caminho!...
Sei perfeitamente onde pisar, apenas posso não saber quando pisar
e é esse o pormenor que faz toda a diferença.
Os meus pés seguem o compasso do coração
procurando não atropelar aqueles que se cruzam comigo...
Imagino que este seja um ponto fundamental em qualquer caminhada.
Bem sei que novos trilhos se abrem a todo o momento
mas a minha lucidez mantém a sua fidelidade, com o meu corpo,
com a minha alma, para ter discernimento nas encruzilhadas...
Eu não vejo o que sinto
Mas sinto que vejo
Vejo um mundo sem guerras
Com flores dentro dos canhões
Vejo as crianças brincando
E sorrisos brotando, em nossos corações
Vejo as paixões ardentes
Queimando como fogo as gentes
Que vivem nestes sertões
Vejo os olhares agrestes
Que correm, sem rumo, inertes
Em busca das desilusões
Eu vejo uma arvore, em prantos, caindo
E o algoz sorrindo
Com a serra nas mãos
Eu vejo minha pele tremendo
E a ternura esmaecendo
BREVE, TÃO BREVE
Breves, as palavras breves,
dos dias sempre curtos
a quem sente contínuas exaltações.
Breves, os sonhos breves,
dos projetos sem planeamento
a quem passa com a cabeça nas nuvens.
Breves, os sentimentos breves,
dos frágeis olhares vítreos
a quem vive distante de si mesmo.
Breves, os sorrisos breves,
dos corações eternamente frios
a quem morre sem conhecer emoções.
Breves, sempre tão breves,
os poemas que exaltam os poetas
a transcenderem os atos da Criação.
Fui vivendo intensamente sem quebrar muito a rotina. Olhava os dias com a tranquilidade que eles iam impondo ou com a agitação que exigiam. O calor era sinónimo de felicidade espontânea, o frio de alegria motivada. Era necessário o equilíbrio para não se ficar em desvantagem nem no despropositado. Eu podia simplesmente olhar as coisas num sentido, numa só perspectiva, a minha...
Impossível voar, nem mesmo um simples planar Decerto que estou dormindo, na cama a sonhar Mas a vertigem é real, o abismo a meus pés, brutal Basta um pequeno passo, muitos minutos em queda fugida Pois e se eu não estiver a sonhar, seu perder a minha vida Não vale a pena arriscar Uma morte tão sofrida Mas mais uma vez uma grande tentação Toma a vez da cuidadosa razão Ergo o rosto com altivez Esperando o regresso da sensatez Tal como tudo na vida este desafio é fascinante Tem a sua parte de brilho mas também é escuro e errante Poderei então arriscar? Serei capaz de voar?
Preciso ver o sol
Para ver que a terra não gira em torno de mim
Não há repreensão
O mundo todo é assim
Afinal, a terra não gira
Ela pulsa como o coração do amante desatento
Ela escorre como a lágrima fugaz
Ela troça-nos como o velho chistoso
Eu quero ver a terra girando em torno do sol
Eu quero ver o mundo correndo atrás do vento
Eu quero ver o tempo, fútil, andando em desalento
E que as nossas vidas tenham mais segredos
E que os nossos segredos tenham mais mistérios
Suspendi o tempo que me pousou nas mãos
Ave livre sem destino nem porvir
Olhei nas águas lavradas do rio
O desassossego que me habita nos olhos
E sorri
Do peito brotaram-me flores em cacho
Com cheiro a terra e a musgo
Com cores que envergonharam o arco-íris
Estendi-me, dolente
Nas margens deste rio calado
E esperei a lua
Lânguida
Foi meu o mundo todo num momento
Em que desbravei um peito a arder
Senti-me em mim
De volta
E a minha gargalhada