Epitáfio
Autor: Carolina Soares on Thursday, 31 July 2014Fui para os bosques viver de livre vontade para sugar todo o tutano da vida, para aniquilar tudo o que não era vida... E para quando morrer, não descobrir que não vivi.
Fui para os bosques viver de livre vontade para sugar todo o tutano da vida, para aniquilar tudo o que não era vida... E para quando morrer, não descobrir que não vivi.
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Vagueio nessas ruas sempre ao léu,
Sou como a andorinha peregrina,
Que voa livremente pelo céu!
E deito-me risonho em qualquer sombra,
Fumando meu cigarro vaporoso,
Da liberdade que apavora os homens,
Eu sei que sou o dedicado esposo!
Sou amigo das flores, c`os perfumes
Da primavera banho-me. Encantado
Nas noites de verão namoro estrelas,
E a moça que me espia do sobrado!
O vento sopra e as folhas caem ao chão,
A chuva percorre o passeio onde só caminha a solidão.
Está tão frio que chega a ser difícil aguentar,
Se eu pudesse voltar no tempo
Nem pederia um dia
Apenas uns minutos.
Voltar no tempo!
Queria que fosse no dia que te conheci
Queria uns segundos daqueli sorriso gigante.
Se eu pudesse corrigir, talvez corrigisse o meu medo.
Se eu pudesse entao repetir uma cena seria...
o daquela noite do qual tao silencioso ficaste.
Se eu pudesse desfazer algo
Seria recuar no tempo e arrancar a magua que te causei
Se eu pudesse ainda pedir um desejo
Seria ir de traz para frente corrigindo,
Que assim seja, minha criança distraída
Numa ínvia quadra, onde o mistério é soberano,
E, que não reine em teu cantar vigor profano
A iludir, como dos mares esta acre vida.
Bela sereia cuja nota suspirosa
Guarda segredos que nos põe tão sonhadores,
Pobres mortais escravizados p`los amores,
Eis que um dia não serás mais desdenhosa.
Quem sabe quando? Nada pode-se colher
Nas paragens desta ideia de áurea ventura,
Quando eu espreitar-te risonha na natura,
Dentro em teus olhos resplendendo o amanhecer.
Sete pecados capitais
Sou um poeta sem nome
Sem nome e sem destino ... por isso não trilho caminho
Vagueio um olhar apenas para vaguear o pensamento
E por mais que contemple
Não me sinto indiferente
Ao que contemplo e sorvo avidamente
Sou ávido e sinto gula
De ver ... sentir e degustar
O sabor do contentamento
Ao vislumbrar o teatro dos sonhos do pensamento.
As noites de primavera
vão embora,
como a prima Vera,
em boa hora
antes do inverno chegar.
A prima Vera é estranha,
quer e não quer,
mas a saudade tamanha
é ainda mais mulher
para a fazer teimar.
Uma brincadeira de criança,
um sentimento de quem não sente,
um dizer que já me cansa,
um presente não presente.
É assim a vida
de alguém que não é assim,(!)
mas não ser assim são apenas palavras...
Se é o fim?
Só daquilo que não amavas!