Sociedade Vazia II
Autor: António Cardoso on Thursday, 3 July 2014A corrente vai nos arrastando,
Não nos leva a nenhum lugar.
O tempo, a todo o gás, vai passando,
A corrente vai nos arrastando,
Não nos leva a nenhum lugar.
O tempo, a todo o gás, vai passando,
Estamos perdidos, a vagar sem destino, num ponto qualquer do espaço infinito, se é que existe esse ponto, tentando, em vão, achar o caminho da vida eterna. Entretanto, sonhar não é pecado. Sonhemos, pois
Na ousadia das minhas palavras nunca temi, a coragem consagrou-me de lutadora independentemente ou não de ser uma vencedora.
Vencer acontece simplesmente quando tentamos e damos os nossos impossíveis.
Fracos são os que nos humilham com olhares violentos.
A motivação fica muito aquém de quem nos sabe dar aquela força que tão bem aconchega a alma e o coração.
Na ousadia das minhas palavras ouso dizer o simples que a ousadia inconveniente magoa e arranca a vontade de falar.
E navegava eu, na calma dos mares
Faltavam-me as palavras, não haviam olhares
Havia uma ausência de ti
E eu não pertencia ali
Sento-me à mesa
E tu estrelas o ovo enquanto eu encho o copo com água
Não me rebentes o ovo!
E contas coisas que te preocupam
Como os Homens que são maus
(Eu sou Homem – falas tu de mim?
Ou falas numa generalização hipotética? –
Tu bem sabes que há Homens que não são assim!)
Tem-me atenção ao ovo!
Abano a cabeça que sim
Porque contradizer a tua ideia é chamar-te à atenção
É dizer que estás errada, que não é assim como dizes
(E isso não se diz a uma Mãe!)
A pena pega-me a ânsia.
O descontrolo afasta este modo de viver descompassado.
Como se fosse irreal ou impróprio.
Nós não deixaríamos pois não?
Por mais que se tente - e eu tento, juro que tento.
Tento ver o sol na pradaria,
Estes sons de laranja e vermelho.
Que me aquecem o pêlo num acordo suave eterno
Entre tudo o que é ar, tudo o que é água e terra.
Tudo é harmonia.
E na alma, mais nada se ouve.
É um silêncio tão puro e tão grave.
Não quebra, não dói.
O Impossivel não passa de mais uma forma de você dizer que está com medo de descobrir que tem coragem.
Dois pontos.
É o que basta para o equilíbrio:
Entre o apoio e o lançamento,
Entre a voz e o pensamento;
Entre a mente e a mão,
Entre a loucura e a solução;
Dois pontos.
É o que basta para a harmonia:
Da imagem na tela,
Da música na orquestra;
Da água na nascente,
Do Sol no poente;
Dois pontos.
É o que basta na divisão:
Nos ponteiros do relógio,
No movimento e no ócio;
Entre o que eu posso e o que eu quero,
Entre o que eu faço e o que eu espero;