Encontro
Autor: Francisco Almei... on Wednesday, 6 October 2021Encontro
Encontro
Horóscopo da Matemática
O outono instala-se
Espreguiça-se no cigarro
Senta-se na nuvem
E despe as roupas
Às árvores.
Um ritual infindável
De transições anunciadas
Que um dia, quando te revir,
Contarei os dias pelas mãos,
Outono.
Enviar ou não o poema,
será que devo deslumbrar
o findável sentimento
de soberba?
Sobrepujar minha arte
perante aos sonhadores,
mitigar minha tinta
sob os quadros do mundo?
Na vida já
Sou a perfeição sem sal, sem gosto
Sou a desconstrução do formato em desuso
Um abuso de porquês,
Que necessita meu dialeto.
Dizimaram o amor bonito,
O sorriso infinito
Que se tornou o infortúnio , ruas estranhas e seres frios
Desprotegidas de toda candura
Versos pesados melancólicos
E o que se tem experimentado
Alguns não sorriem,
Algemados a dissabores
Tem se caminhado por diversas dores, açoites
Não enxergam mais , que nas ruas haviam flores e no céu
Arco íris com nítidas cores
Eu queria apenas um tiquinho de tempo a mais
Até Adão conseguiu este tempo
Mas eu desejava um sorrisinho um tanto insensato, devasso
Estrela de Rá, sua existência
a mim, é tartamuda!
Seu calor derrete meu humor,
congela meu bem-estar,
estoura o fragor dos tímpanos e
homicida meu amor a ti.
Vossa luz derrama lágrimas
do velcro que separa o bem
e o mal; a vinda da lua: bênção
que socorre a enfermidade.
Soando rancor nas estranhas
dos meus podres órgãos.
O eclipse é a esperança final
de um tempo agradável.
A morte do deus-sol é a missa
que clamo aos domingos.
Minha barganha é sofrer no
Como tempero entristecido
A salivar todo desgosto
Boca sem palavras
A fome vem antes do paladar
A justiça antes do alimento
Sabor antigo não pode agradar
Em terrenos secos caminham os pés
Trilhas destinadas ao fim do poço
Não vou prestigiar a noite
Que vem mal acompanhada
Como perfume que não quer perfumar
Humano tem tempo para quase tudo
Menos para o amor o melancolizar
Vive sempre querendo receber um prêmio , pedindo bênção
A quem realmente não pode abençoar
Pois nem tudo deciframos !
AUTO-EXAME
-escrevo
para quem?
-para o individual eu?
-ou para um leitor anônimo
com meu pseudônimo?
-escrevo
para me afirmar apenas?
-ou a duras penas
externar meus pensamentos
e idéias
e (re)conhecer-me
num texto não-premeditado?
-escrevo
o que me aturde
me contamina
me contagia?
-ou talvez pretenda mais
que isto
mais que aturdir
contaminar
contagiar
o leitor/receptáculo
de minha fissão vocabular?