Pensamento

Desapego

O tempo mora na alma

de quem aborda a vida

na sua forma calma,

na sua essência contida.

 

O desejo rouba ao tempo

a dança oculta do querer.

As convicções são contratempo,

espectros que se negam ver.

 

Dispersam-se na alma os receios

de quem agora na vida

dispensa os ambíguos rodeios.

 

Talvez seja apenas o desapego

de uma conformidade perdida,

de um desdenhar do sossego.

 

Lenta(mente)

Valoriza boas pessoas,

Aprende com as más.

Se tentares valorizar outras,

Nada aprenderás.

 

Nada aprenderás,

Se tentares valorizar outras,

Aprende com as más,

Valoriza pessoas boas.

 

Este poema é um espelho,

Com versos invertidos.

O último reflete o primeiro,

Os do meio estão partidos.

 

Que poeta tão singular,

Rídiculo sem sentido.

Estranho a rimar,

Deve-se querer afirmar,

Ou ser conhecido.

 

Não sei quem eu sou,

Observações

Gélida observação que penetra no escuro...

Inferências que testemunham a loucura,

Ambicionam e putrificam o puro,

Mas sem este existir, com ele, a cura.

 

Os sentimentos óbvios e representados

Dia-a-dia; incompreenções que, decerto

Verdade ou mentira, caminham para perto;

Pela sincronia dos corpos...

Pelo posicionamento humano perante o sentimento...

Qual corpo não será uma marioneta do sentimento?!

Simplesmente afetados pelo semelhante,

Condenando a sorrisos e à tristeza.

Descanso no Outono

O silêncio tomou-me por horas.

E coloquei a ponta dos pés na água morna.

Assim demorei.

Aos poucos, o ritmo da monotonia foi criando passos,

Usando os meus,

Em direção qualquer.

 

Por horas estive sonhando,

Um sonho tão profundo,

Que apenas lúcido conseguiria vislumbrar.

Em meu sonho, algo sussurrava

Um mistério tão profundo

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