Pensamento

VAZIO

Sufoca e mutila 
Onde foi parar a vida que um dia respirei?
TD aquilo que amei 
sem se quer me esforçar
Era como respirar a certeza de voar...
E então as convicções à tantas dúvidas deu lugar,
ao sofrer mutilações das certezas de ilusões que foram feitas para acreditar.

MEIO E FIM

 

 

 

 

às voltas

 

com o rumo atribuído

 

tido como meta

                

               FIM

 

enrustido

 

no centro do alvo

 

fixo

 

a um suporte

 

que a áurea seta

 

pretende

 

penetrar

 

(arremesso

 

de um iniciante

 

de inábil destreza)

 

-seria o alvo

 

a flecha mesma

 

em si?

 

 

 

 

 

A NATUREZA HUMANA

 

 

 

a vida é a natureza

e a natureza é da vida

e de seus comprometimentos

 

onde há sombra

me escoro e disfarço

onde há sol

me recolho e vitupero

com o cabide de meus olhos

suspenso por tripas e ptose palpebral

 

minha noite eu faço de sinas

meu dia de desalinhos

nos pespontos de meus jeans

 

e se me falta algo

rezo para que não me escasseie a esperança

e a benevolência de Deus

 

e se algo me sobejar

oro em agradecimentos

Imaginar

E se fizermos tudo o que queremos

Sem planos para que pensar

Buscar assim tudo que podemos

Nos grandes pequenos detalhes que podemos sonhar

E se esta magia fosse real

Demasiado leve para nos perdermos nela

Poder sem um estranho animal

Que aos olhos famintos fosse simplesmente bela

E se as estradas nos levassem ao paraíso

Àqueles que pelo caminho acabamos por perder

Eu podia ver novamente o meu sorriso

E abraçar aqueles que nunca vamos esquecer

E se a vida é realmente um mistério

Memórias

Em outrora éramos mais felizes
Tão felizes que riamos por nada
Guardamos na mente os deslizes
Os escorregadios da vida enfada

No fulcro empoeirado lá encontra
O apego que outrora houvera
Limpe-se de orgulho que se afronta
Das sujeiras que não te regenera

Tem medo da minha rejeição
No fundo se você ficasse
O aprendizado era a perfeição
Quem dera se eu te abdicasse

JOGO DA DISSIMULAÇÃO

faz-se silêncio
quando silencia o mundo
ignorando sua sequência
em mim
mundo de irrefutável desdém
pela sua além-ciência
de irrefutável demonstração

faz-se silêncio
quando se admite a manhã
em sua eloquência:
drible da existência
em um jogo de similares opostos
-impostores?

ou seria isso somente uma simulação
se discrepâncias não há
-quem mais haveria de bradar
impropérios
sob o mar das incertezas
e dos critérios?

JOGO DA DISSIMULAÇÃO

faz-se silêncio
quando silencia o mundo
ignorando sua sequência
em mim
mundo de irrefutável desdém
pela sua além-ciência
de irrefutável demonstração

faz-se silêncio
quando se admite a manhã
em sua eloquência:
drible da existência
em um jogo de similares opostos
-impostores?

ou seria isso somente uma simulação
se discrepâncias não há
-quem mais haveria de bradar
impropérios
sob o mar das incertezas
e dos critérios?

Julgamento

Dispostos a nos julgar,
À espreita com dedos,
À esquerda, ofensa vulgar,
Ao meio Deus fitando.
Uma lástima ser assim,
Os santos no estopim
Com o homem caído;
Deixe-o prostrado
No seu ódio largado
E queimado no ímpio.
Seja a diferença, filho,
Brevidade é um logro;
A canção engana,
É uma música profana
Como uma doce lira,
Tocada na raiz da ira.    

lingua portuguesa

LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac
 
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
 
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma

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