Prosa Poética

Frágil

Exalou daqui
 
minha áurea insegura
 
até aos confins do mundo
 
onde deleito
 
meus olhos e te contemplo
 
ávido às mãos sublimes
 
do Grande Criador
 
 
Ressarciste-me a solidão
 
redesenhaste-me
 
as órbitas dos seres graciosos
 
que vagueiam pela meiga noite
 
imaginando-te formosa

Amanhecer a oriente

Por viagens e atalhos
 
discretos
 
percorro em silêncios
 
toda a migração indubitável
 
dos meus selectos instintos
 
acato vagamente teus olhares
 
em mares orientais oriundos
 
da balsâmica e refulgente luz
 
com que divagamos nosso amor
 
ao luar
 
descansando entre as clareiras
 

Descompasso

Descompasso no tempo
 
relevo no vento que disfarça
 
tua sedução em suspiros de
 
longanimidade inusitada
 
 
Descompasso
 
na luz que improvisa
 
todas as formas da
 
já longa escuridão
 
onde tua doçura simples
 
suavisa os silêncios perfumados
 
num longo abraço em dias
 

Tridimensional

Em canto porque
 
assim a vida em mim existe
 
e por cada instante se ali
 
te visse
 
atravessava até as noites
 
pra te curar de manhã
 
com beijos repletos de tanto amor
 
 
Em canto porque
 
assim permaneço em verso
 
defronte do teu indisfarçável elogio
 
faço até ponte
 

Água viva

A água triste
 
cai velando o ser
 
já sem luz em lenta
 
combustão
 
por ver morrer-me o coração
 
e ninguém aqui tão perto
 
chegou empunhando
 
o estandarte onde narro
 
cada viagem por tantos oceanos
 
navegados
 
mil outras memórias em cada
 
olhar agasalhado
 

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