Prosa Poética

Serenidade

Compartilhamos por vezes
 
um sorrido doce
 
inimaginável
 
com lágrimas perdidas no convés
 
das memórias lembradas com fervor
 
onde por fim me abrigo
 
no convívio selecto dos amores
 
sem mais deixar vestígios
 
para a eternidade
 
sem mais morrer
 
porque a vida feliz
 
derradeiramente apetece

Eu fui assim ontem...

– Pudesse eu cortar o tempo
 
a tempo de emendar
 
os limites e fronteiras
 
onde nossa força fecunda
 
renasça agregada a cada
 
abraço teu que me agiganta
 
refazendo toda a vida
 
que se ergue dos escombros
 
provada
 
recompensada
 
premiada com alivios
 
e gestos tão imprescindíveis

Pra ser amor...

- Pra ser amor... é ter que amar
 
sentir, sem ter que suportar
 
teus silêncios
 
satisfazer nossas almas
 
por vezes incomunicáveis
 
ter sentimentos repercutidos
 
nos ecos que revestem
 
nossos beijos insaciáveis
 
 
 
- Pra ser amor...
 
é ter que desembarcar
 
durante as noites longas

Em silêncios...

Em silêncios
 
pela calada da noite
 
adormeço teus olhos
 
perto de minha’álma
 
que anda extenuada
 
à procura da tua imutável
 
 
- O inverno solta seu frio
 
e assim timido mas intenso
 
te procuro em brasas com incensos
 
que me trespassam qual calor ameno
 
em gargalhadas que varrem
 

Noite ambulante

- Perdeu-se a noite ambulante
 
queda-se o dia tão errante
 
e nossa estrela cintilante irrompe
 
brilhando nos véus castos
 
onde purifiquei a luz
 
que freme escaldante
 
 
- Perdeu-se a noite
 
deambulando entre luares
 
amando diluídos entre a escuridão
 
onde desabrocham
 
perfumando a atmosfera

Urgência

Como seria urgente
 
descobrir mais alegrias
 
inventar mais que um mundo
 
inteiro
 
sermos todos aventureiros
 
purificar de luz até
 
nossos anseios
 
apregoar a cada aguaceiro
 
a felicidade contida em cada gota
 
debruçada no derradeiro poema escrito
 
neste lamento sorrateiro
 

Destino almejado

 
Talvez me encontres um dia encostado
nas ombreiras da tua solidão
e talvez 
tu me sigas até o infinito
mais que o infinito
talvez me dês asas pra voar...e voando
pinceles todo o meu céu
como sempre imaginaste
sem nuvens e sem véus
talvez,
queira eu, nunca te decepcionar
porque se morrer aos poucos tu nem estarás
ao meu lado para afagar a luz que se esvai dos olhos meus
talvez,

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