Prosa Poética

Falar por falar

Falar por falar
 
Já não falo de mim mais
desisti hoje mesmo
já nem sei até
se tenho alguma saudade 
me lembrando assim
fechei todas as portas
ao coração como um livro, 
cheio de nossas lembranças
em cada palavra adormecida
nas prateleiras da minha saudade
até que o pó dos velhos tempos
chegue e desfaça o corrosívo
desespero meu 
anda que credível
pedindo apenas a todos

Idiossincrasia

Idiossincrasia

Este sentimento dolorido
de tantos dissabores sentidos
De coisas que as vezes
acontecem na vida.
Em horas tão incertas
Uma busca do quase?
Perfeito?
Do jeito que quero?
Ocasionalmente consigo.
incessantemente tento
E busco brigando comigo.
Há vozes que passam por mim.
As vezes eu nem quero ouvir.
E sobras vorazes perturbam meu sono.
É só o abandono em mim
Eu sou o que sou
Eu sinto.
E assim nesta peleja
Eu vou!

O berço da luz

O berço da luz
 
Faíscando a noite
reflectem agora as imensidões
de luz etérea 
flageladas num mar ainda soluçando 
quando se acende 
a fogueira onde alimentamos
as chamas viventes de alegria 
tu que fazes da vida
algo fulgurante e refulgente 
que pasma subtil e se inflama cada dia
caminha comigo na contemplação
do amor terno e gracioso
nesta alegoria poética
que flameja em tanta fantasia

Cumplicidade

Cumplicidade
 
Metade de mim 
partiu daqui
está acolá no infinito céu
reagrupando
todas as estrelas no teu firmamento
 
agora é assim 
sabes
de um lado a poesia bravia
meus sonetos absolutos 
incinerando outros verbos
mais que profanos
contrariando saudades
do outro
fragmentados átomos de beleza
que por aqui se deslumbra

O passado... passou

O passado...passando, ou começar de novo
 
Assim como ontem 
deixou por fim de existir
assim nada hoje existe mais,por revelar
senão um passado, passando,açoitado
 
passageiro, ligeiro
alienado e tantas vezes aventureiro
sorrateiro me absorvendo até por inteiro
 
neste espaçado e dissimulado tempo
onde o amanhã ainda 
não abriu sequer as pálpebras ao dia
 

Liberdade

Liberdade
 
Ganhei no tempo
toda a tristeza embelezada
em gomos de suposta felicidade
sei que talvez ela me vença
e eu mesmo assim
talvez nunca me convença
pois esta saudade 
aqui jaz semeada
no leito conformado
onde corre a tua ausência 
e onde se afogam ainda
mais arraigados na 
invencível nossa liberdade
toda repleta de esperanças
submergindo oceânicamente

Daquilo que eu sei

Daquilo que eu sei
 
Daquilo que eu sei
pois sei quanto me custa
ter até que admitir
tudo me foi permitido
domar até raios do mesmo sol
quando fascinado se põe num estado febril
pranteando com todos os
meus mais seletos sentidos
numa balbuciada manhã
onde descansamos os corpos carentes
e fartos de tanto amar
tanto velejar bolinando nos ventos
miscigenados na fímbria dos ventos
 

Assimetria

Assimetria
 
Quando percebi a acalmia
abstraída em vagas respostas
que fluem na anorexia do tempo
apenas me alimentei
da minha livre contestação
as resposta sei-as de cor 
depois de adormecer, amadurecendo
aquelas minhas assimetrias desenhadas
na anatomia perspicaz onde
pernoito descansado no esbelto
e contemplativo equador perplexo
 
Depois de esmurecer a tarde
eis que chegam verazes

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