Prosa Poética

Malfadado

O leito não guarda seus sonhos.

Está ao seu lado.

“Ei, lindo. Bom dia!”

Responda.

Nada quer ser palavra.

Estagna a beleza.

 

Em que você quer ser reduzido?

Lembre-se.

Tic.

Sorri.

Tac.

Aponta o três.

Desmorona em si.

Não consegue acordar de verdade.

 

Sem título

*

Eu cresci e o mar já não é o que era. Só quando sorris eu posso ser a rainha da minha desgraça de ser feliz.

Preciso de um relógio que bata ao contrário. Talvez assim não sinta mais a falta dos momentos que vivi sem ti.

Conto os anos pelos dedos, o coração vai aguentando.

O começo de uma jornada mais longa que eu pode possuir-me. Já me esqueci do som da chuva a cair, só a tua respiração me entra pelos ouvidos.

Se ficar, não será pelo cansaço. Sei que as minhas asas dormem longe. O meu único desejo é olhar-te apenas.

Sem título

*

Não gosto quando saímos de casa juntos mas depois tu vais para um lado e eu para outro e beijamo-nos na rua. Não me leves a mal, sabes que gosto dos teus beijos e tremo toda só de pensar nos teus lábios, mas não gosto quando tenho de te beijar na rua.

As pessoas não têm de estar lá nem os cães e as chicletes no chão são feias. Rais parta a vida que é amor. Porquê que vivo num palácio contigo dentro e quando sais de ti resta só o mundo que inventaram? Porquê que não podemos ficar só nós os dois para sempre?

Um engano que morre…

Mergulhar noutro  corpo ,

respirar noutra atmosfera inversa

e voar com todas as aves migratórias

à flor do obscuro desejo, de querer ser

o que nunca fui.

 

 

A aurora desmorona-se de carência,

de outro amor impossível que há-de vir,

dentro a solidão cerca a luz absoluta,

já desponta, um engano que morre…

 

 

Somos condenados ao infinito,

neste chão onde a manhã se esvazia

e a aurora rompe-se.

 

 

Hiberno todas as noite,

e aprendo a secar tudo que escorre

Esperança

Esperança

 

 

 

Quando a guerra chegar

numa manhã cinzenta, de odores pardacentos

vou ver os homens marchar

por caminhos lamacentos

sentindo o ódio jorrar, nos olhos

a raiva e a ira, já sangrentos

e ouvir as mães a chorar

os padres a gritar

que Deus não existe

acreditei que o mundo ia acabar

mas que dia este tão triste!!

 

 A quem posso eu rezar

se já nem Deus existe!!

Onde vou eu reencarnar

... o ódio paira no ar

Quando o tempo

Quando o tempo deixar de ser tempo
E eu estiver adormecido...
Vem me visitar de quando em vez
Olharás para o relógio de ponteiros entorpecidos
De um tempo que não passa...e me deixarás
E nunca voltarás!!... quando eu acordar...
Levantar-me-ei e correrei nos céus ...até que morras também
Se tu não estiveres para me abraçar
Procurarei os braços de alguém
Em busca de acalentar a alma
Que interessa que te tenha deixado
Ou que tenha morrido ...sem te escrever uma carta de amor

Dialética do sentir

Dialética do sentir

 

 

 

Vem, vem comigo

Vamos descobrir a dialéctica de um dia de nevoeiro

Vamos olhar o firmamento

E sentir o orvalho no rosto

Talvez penses, que não á filosofia num dia de nevoeiro

Que será apenas mais um dia de nevoeiro

E que o firmamento não tem nada que admirar

Porque não se avistam as estrelas

Mas se olhares com atenção perceberás

Que elas estão lá cintilantes

E o nevoeiro tem a sua beleza

Quando surge o orvalho no teu cabelo.

 

 

Dialética do sentir

Dialética do sentir

 

 

 

Vem, vem comigo

Vamos descobrir a dialéctica de um dia de nevoeiro

Vamos olhar o firmamento

E sentir o orvalho no rosto

Talvez penses, que não á filosofia num dia de nevoeiro

Que será apenas mais um dia de nevoeiro

E que o firmamento não tem nada que admirar

Porque não se avistam as estrelas

Mas se olhares com atenção perceberás

Que elas estão lá cintilantes

E o nevoeiro tem a sua beleza

Quando surge o orvalho no teu cabelo.

 

 

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