Prosa Poética

UMA RAZÃO

Um toque de seus dedos no tambor detona todos os sons e inicia a nova
harmonia.
Um passo seu é o levante de novos homens e sua marcha.
Sua cabeça se vira: o novo amor! Sua cabeça se volta, — o novo amor!
“Mude nossa sorte, livre-se das pestes, a começar pelo tempo”, cantam essas
crianças. “Não importa onde, eleve a substância de nossas fortunas e desejos”,
lhe imploram.
O sempre chegando, indo a todo canto.

Retalhos de escrita

1
Quando a ilusão vence o desassossego e o ânimo supera qualquer dor, num evadir da realidade inconexa, surgem fragmentos de resistência.
Atrevimento tempestuoso ao enfrentar do espelho que teima em sugerir a limpidez do mundo, esplêndida de cor.

2
Ladrilho de afectos
Emaranhados
Numa rua com sentido
Único.
Se entrechocam em vozes
Despegadas nas insignificâncias.
Dívidas humildes de vida
Em neutralização da paciência.

Espumado amor de navegação a bom porto.

Espumado amor de navegação a bom porto.
Inquietude cristalina com sonhos aninhados nas ondas e transparências instaladas em nuas flutuações.
Vinculação sem dúvidas, entrecortada com as convulsões da incredulidade.
Consentir de vida, pré-natal, privado de raciocínio.
Indizível sentimento, ora bordado de ideal, ora convertido em fogo de artifício.
Suadouro da paixão e da desorientação onde emoções, sem calendário, que se entrechocam na fervência visceral.

Poltrona do consolo. Edifício privilegiado, no seio de periferias dispersas como mosaicos.

É HORA DE ESCANCARAR TODA A EMOÇÃO

TODOS LHE DISSERAM QUE ERA UMA DECISÃO INSENSATA PORQUE NÃO HAVIA DÚVIDA ALGUMA DE QUE AQUELA ATITUDE ESTAVA LIGADA AO PASSADO.
QUE DISPARATE! É HORA DE ESCANCARAR TODA A EMOÇÃO!
FOGUETES ENCANTAM-LHE OS OLHOS COMO VIAGENS RESPLANDECENTES DE MARAVILHOSO. TINHA ESPERADO A VIDA INTEIRA.
POR FIM CHEGARA DE UM PERCURSO TODO SALPICADO DE ESPINHOS. UMA ENORME ESTRADA PARECIA ESTENDER-SE, NUM DESCANSO VIVAZ, VIDA FORA.
A CABEÇA SUBIA ATÉ À LUA E MAREAVA-SE ENTRE ESTRELAS, NUMA PRATA TÃO COMOVEDORA COMO ACESA.

Trepida nas ideias o prodígio da sobrevivência suspensa num suspiro.

Trepida nas ideias o ruído da vida inundada de raios de luz, deixando esfumar sonhos e prazeres submissos, em densidades luzentes com luas vermelhas.
Mistérios feitos de dualidades, e não, incompatibilidades.
Quietudes aparentes balanceadas pelo entusiasmo voraz e a indiferença, numa falência de objectivos, mestra de si mesma.
Abdicar ou desafiar?
Um fluido aturdimento de emoção, arde em permutas da mente, no calar da mágoa.
Deslumbre boémio e incorrigível, que vagabundeia em círculos, num deleite mórbido.

A menina

A menina

 

 A minha menina gosta de olhar as estrelas

 e ela gosta de seguir o vento,

 ela imagina  que é uma borboleta

 que voa,

 que voa,

 logo me diz: venha, cavalga no unicórnio

 e eu digo:

 hoje quero ser uma Águia

que voa,

 que voa.

 Minha menina me olha e sorri

 e me pergunta: Papai, me leva para voar com você?

E eu pego suas mãos e juntos seguimos sonhando......

 uma borboleta,

 un unicórnio,

 uma águia,

 olhando as estrelas

 seguindo o vento

a pergunta

   Por dias e dias ele se fazia apenas uma pergunta. Já não mais interessava quando, nem onde havia sido a última noite em que eles estiveram juntos, nem porque, ele não se lembrava apenas e não gastaria nem mais um minuto a perguntar-se aquilo que a memória deveria presentear-lhe. Mas aquela dúvida sim. O perseguiria por toda a vida, talvez.

Simplesmente

Eu não sei se o que eu escrevo
e uma poesia,
pensamento
cordel
cronica
contos ou apenas palavras

Não tenho a pretensão de ser um doutor das letras
fiquem a vontade senhores em julgar
escrevo,
o que penso,
o que sinto ,
tão somente
expresso
Eu e Você
com palavras.

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