AURORA
Autor: Rimbaud on Thursday, 17 January 2013
No declive da escarpa anjos giram suas togas de lã sobre relvas de aço e esmeralda.
Prados de chamas saltam até as mamas dos montes. À esquerda, o humo dos sulcos é pisado por todos os homicidas e todas as batalhas, e todos os ruídos do desastre traçam sua curva. Atrás do sulco à direita, a linha dos orientes, dos progressos.
A acrópole oficial excede as mais colossais concepções da barbárie moderna.
Impossível exprimir o dia fosco produzido por este céu imutavelmente cinza,
o brilho imperial dos edifícios, e a neve eterna do chão. Com um gosto
singular para o exagero, todas as maravilhas clássicas da arquitetura foram
Irmão miserável! Quantas vigílias atrozes eu lhe devo! “Eu não me entregava
com fervor a este negócio. Caçoava de sua doença. Por minha culpa
voltaríamos ao exílio, à escravidão”. Ele me achava um pé frio, e de uma
inocência bizarra demais, e adicionava razões inquietantes.
Que cidades! É um povo para o qual foram montados Apalaches e Líbanos de
sonho! Chalés de cristal e madeira deslizam sobre trilhos e polias invisíveis.
Crateras ancestrais circundadas de colossos e palmeiras de cobre rugem
melodiosamente dentro dos fogos. As festas do amor badalam nos canais
Céus de cristal gris. Bizarro desenho de pontes, estas retas, aquelas em arco,
outras descendo em ângulos oblíquos sobre as primeiras, e essas figuras se
renovam nos outros circuitos iluminados do canal, mas todas tão longas e
Ó a morna manhã de fevereiro. O vento sul importuno veio reavivar nossas lembranças de indigentes absurdos, nossa jovem miséria.
Henrika vestia uma saia xadrez branca e marrom, em moda no século passado,
uma boina com fitas e um lenço de seda. Era bem mais triste do que um luto.
Dávamos um giro nos subúrbios. tempo nublado, e esse vento do Sul excitava
todos os odores ruins de jardins arrasados e campos secos.
E isso parecia cansar mais a mim que à minha mulher. Numa poça deixada
Quando se reduzir a um só bosque negro para nossos quatro olhos atônitos, —
a uma praia para duas crianças fiéis, — a uma mansão musical para nossa
clara simpatia, — vou te encontrar.
Haja aqui embaixo só um velho solitário, calmo e bonito, em meio a um “luxo
Numa bela manhã, em meio à gente doce, um homem e uma mulher soberbos
gritavam pela praça pública: “Amigos, quero que ela seja rainha!” Ela ria e
tremia. Ele falava aos amigos de revelação, de uma provação terminada. Eles
desmaiavam um no outro.
De fato, eles foram reis por uma manhã inteira, em que tapeçarias carminadas
se estenderam sobre as casas, e a tarde inteira, em que eles avançaram do lado
do jardim das palmeiras.