Prosa Poética

Inverno deste dia...

Em cada poente renasce
 
fiel
 
toda a cumplicidade
 
quando pende pra ti
 
meu sol envergonhado
 
te abraçando de soslaio
 
 
Deleito-me com os fados desta vida
 
murmurando-te encarcerado
 
juntinho a cada faúlha de tempo
 
que me foge exasperado
 
 
Restaram lembranças
 

FURAR BURACOS N'ÁGUA

         FURAR BURACOS N'ÁGUA

Vivo tentando furar buracos n'água.

    Simbolicamente tudo que faço,

           é furar buraco n'água.

    Desde o ventre da minha mãe,

    estou furando buracos n'água!

        Lá no ventre da minha mãe,

fui furar buraco n'água a primeira vez.

Quando mexi, para furar... A bolsa estourou!

Desci com a bolsa e tudo e caí cá fora!

Sofri traumatismo craniano, não conhecia pai nem mãe,

   irmãos, enfim; não conhecia ninguém. 

  Fiquei quinze dias com os olhos fechados.

Click no silêncio

Vou por esses caminhos
 
andando tímido
 
descalçando minhas tristezas
 
à fome
 
entre as esquinas dos afectos
 
gemidos, desertando acometidos
 
 
 
Dou um click nos meus silêncios
 
implorando afeições que ladeiam
 
as mesmas prateleiras
 
onde guardo solenemente
 
as dores marchando resignadas

Conficções

Do tempo quero somente
 
que me despojes deste corpo
 
que te invade
 
Ser o esteio numa promessa
 
que não se cumpre
 
soprando nos dias teu
 
palato com gosto de sonho
 
sonhando devagarinho
 
insuflado de paixão
 
ao colo do teu leito marinho
 
 
 
Do tempo restam
 

Além da luz

Soletrei teu nome
 
à luz extinta da noite
 
num poema quase mudo
 
brotando na existência de um eco
 
luzindo inesgotável no tempo
 
 
 
Meditei no interior
 
desta rima arquitectada na
 
maturidade de um beijo
 
suculento
 
testemunhando a face
 
luzidia onde se dissipam
 

Da noite...ao silêncio

És o sonho atiçado
 
onde me aqueço
 
num fogo aconchegante
 
abrasado
 
És o tempo que se esvai
 
qual carrasco pelos ventos
 
andante
 
num altar dos meus prantos
 
dilacerado
 
 
Desta noite que se espreguiça
 
errante
 
ainda sei como te suspiro
 
profano

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