Saudade

SIM

 
Sim habituei-me 
A ver-te com o sol
No jardim dos afetos
Giz do sono que chegam 
Pelas cores das flores 
Nos parágrafos do tempo
Entre a neve do teu corpo
No linho plantado na serra
Saliva de um rio que deseja 
Amar o corpo em loucura
Todos os laços do mar

SOU UM CORPO CAÍDO

Sou um corpo caído no chão
Num coração seco de alma vazia
Que esconde as mágoas da vida
 
Sou um corpo deixado no chão
Entre as traições e desilusões
Sombras que a vida deixou no profundo
 
Desgosto marcado dos sonhos perdidos
Sou um corpo preso com cadeado
Com a alma magoada algemada de insónias
 
Das carícias perdidas nas noites esquecidas
Sou um corpo torturado pelas insónias

SOU UM SER

Sou um ser, um verme que cresce
Dentro do ventre de minha mãe
Sem alma, sem coração, sem sentimento
Sem palavras que o vento tenta calar 
Ferozmente enquanto se ouve o uivo do lobo
No alto da serra onde tenta sobreviver
Sou talvez um sombra que o nevoeiro tenta cobrir 
Sou uma viva alma do coração de alguém
Que bate com força sem saber porquê
Sou um verme nascido do ventre de minha mãe
Um ser com força, coragem e vontade de viver

ESCREVO

Escrevo para que o lua cresça no meu peito
Escrevo para a chuva nasça dentro de mim
Escrevo para o amor floresça na minha alma
Escrevo que as palavras são virgens vindas de ti
Escrevo para ouvir as palavras que nunca ouvi
Escrevo que as letras formam a palavra amo-te
Escrevo com dor, com alegria em doce poesia

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