Soneto

As trevas da noite lhes servem de escudo

Noite vem noite vai

Carregada de maldade dos homens

Que olham no céu e colocam o véu,

Pra que a sombra do mal ganhe o breu

 

As trevas da noite lhes servem de escudo

Nas suas trapaças do mal,

O dia já não lhes come os olhos

Nem a luz lhes mata o mal

 

Onde houver paz, levam a discórdia,

Onde prevalecer amor, tecem o desamor,

Tudo muda, soltam-se palavras amargas

 

Amargura ondula empestada do mal

E fere corações dóceis, neste teu e meu doce lar,

Soneto do Silêncio

Pedúnculos assobiam
Em tom terreno cresciam
Florescem quatro ruídos
Alecrins sustenidos
 
Raízes possuem acorde
Entoam e berram fiorde
Músicas são rústicas
Argilas acústicas
 
Dão Iúlas sem harmonia
Sons na serra do chinfrim
Avelã de melodia
 
Ritmo em terra de jasmim
Cântico da pradaria
Colcheia regando o jardim

Os Profanos do Tempo

(retirado do romance - OS PROFANOS DO TEMPO)

Estava longe o dia em que a bela Armagadri viesse a integrar o império romano. O povo celta feliz pelo acontecimento ia cantando louvores aos seus deuses:

Estala a druídica e profética visão
Sobre as almas desabafa a tormenta
Ergue-se Taranis deus do trovão
Ecoando o furor de forma violenta

Vós romanos que a morte não isenta
De aprenderem com a dor mais uma lição
O deus Lug o vosso sangue fermenta
Decantado dos corpos em punição

Soneto do Surreal

Entrelaço na terra
Sou cheiro lima alecrim
Várias pedras da serra
Caminho de raíz crispim
 
Num carrascal que chama
Pela flor primaveril
Na rocha entre lama
Pulga em cravo de abril
 
Soneto num concerto
Musgo emparedado
Sempre terreno canto
 
Sufoco empedrado
Com joaninha desperto
D´um toco repousado

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