Soneto Nº 9
Autor: CharlesSilva on Wednesday, 12 March 2014Soneto Nº 9
Olhei de longe, ofusquei
Cheguei perto, senti
Abracei, tremi
Fechei os olhos, amei
Soneto Nº 9
Olhei de longe, ofusquei
Cheguei perto, senti
Abracei, tremi
Fechei os olhos, amei
Transparência
Se fosse de vidraça a minha alma,
Saberiam que desejos encerra.
Simples, banais... e não desejam guerra,
Só ternos afagos em tarde calma !
Minha alma muitas vezes soluçou.
E chorou. Mas nem eu a vi chorar.
A sorrir, cada vez se levantou.
A cantar, voltou sempre a caminhar.
E quem não conhece a alma d' alguém,
Desconhece sua essência, seu ser.
Não sabe dar. Não pode amar ninguém !
MÃE
SONHEI CONTIGO MÃE ! ESTAVAS TÃO PERTO !
CINTILAVA LUZ AO REDOR DO ROSTO !
ERAS JOVEM, BELA ! SORRISO ABERTO !
EMITIAS O CALOR D' UM SOL-POSTO.
MAS SE DA TUA IMAGEM SÓ RETENHO,
A D' UM ROSTO CANSADO, SEM IGUAL,
D' UM CORPO FRÁGIL MAS DE FIRME EMPENHO,
COMO TE VI ASSIM TÃO DIVINAL !?
EU CORRI PARA TI ! CHAMEI... M' OLHASTE!
E, SERENAMENTE, TU M' ENVOLVESTE
DE TERNURA, D' AMOR , SEM ME TOCARES !
FORAM INSTANTES BREVES, ESBATIDOS.
CANSAÇO!
DESPERTEI COM A AVE QUE CANTAVA.
O PORTÃO DO QUINTAL, GEMIA AO VENTO.
O SOL ACOLHEDOR JÁ ESPREITAVA !
SAÍ DUM SONHO ONDE SEMPRE ME INVENTO.
ERGUI-ME DEVAGAR, VIRADA AO CÉU.
A ÚLTIMA ESTRELA, DESFALECIA !
MEU OLHAR SEDENTO BUSCAVA O TEU !
NA ESPERANÇA DE SER COMPREENDIDA.
TEU OLHAR ERA FRIO, INDIFERENTE !
OS SINAIS QUE EMANAVAS, FUGIDIOS.
TERNURA PARTILHADA... QUASE AUSENTE !...
E FUI-ME DESVIANDO, DEI-TE ESPAÇO,
QUE CRESCEU E FICOU MAIS DISTORCIDO.
O tempo jamais correrá, pois as horas em si não têm pés
Sua vida, seu sonho e o que mais bem quiser só dependem de seu caminhar
Não há nas certezas da vida, a vida em qualquer um lugar
Há traços, rabiscos, rascunhos em fim, há só fatos gravados em grés
Se crê que no fim vencerá, que teu futuro será um bom lar
As palavras, as frases e toda oração, serão teu conforto ao invés
Mas se crê em tua própria ambição como um sol que te guie através
Toda a luz e calor, todos os raios do sol se afundarão em poeira estrelar
Se te alegro com o que eu escrevo,
Me presenteie com um sorriso
Para que eu sinta que te devo
Abraçar-te em meu juízo.
Cada palavra que te deixo
Certa lembrança tua exijo;
Sincera, doce como um beijo
Que toca o coração mais rijo.
Tomara, sejas sempre alegre
Mesmo com meus textos mais tristes!
E minha caneta exubere
Esses momentos tão sublimes
De nosso encontro inusitado
De tanto amor inesperado.
ANDEI PELOS CAMINHOS DA SAUDADE.
TRILHEI TODOS OS CANTOS DO PASSADO,
NA BUSCA DE ANTIGAS EMOÇÕES,
NO RASTO DE CALOROSAS SENSAÇOES.
QUIS VER SE O CÉU AINDA ERA TÃO ESTRELADO !
SE AS AVES MANTINHAM A MELODIA.
SE O JASMIM AINDA ERA PERFUMADO
E SE A FONTE, CANTAVA MELANCOLIA !
VAGUEEI POR LUGARES JÁ ESQUECIDOS !
VI VÃS CONVULSÕES DE APAIXONADA !
E, DELÍRIOS TONTOS DA MOCIDADE.
E VOLTEI À LUZ DA REALIDADE.
PERCEBI QUE O PASSADO É QUIMERA !
ENTARDECER
COMO É BELO ESTE CALMO ENTARDECER!
INUNDA A ALMA DE PAZ, DE BRANDURA!
DESPERTA-ME EMOÇOES D' ENTERNECER,
PÕE NA ALMA, DESEJO DE CANDURA.
AO LONGE, NO HORIZONTE AFOGUEADO,
VEJO SAFIRAS, RUBIS A LUZIR!
A PÉROLA D' AMBAR EM TOM DOURADO,
SUBTILMENTE SE ESCONDE, QUER FUGIR.
A BRISA INDELÉVEL M' ACARICIA,
E ME ENVOLVE D' AMOR DE FANTASIA!
É SONHO, REALIDADE... ENTRELAÇADOS!
GAIVOTA
UMA GAIVOTA PRENDEU MEU OLHAR,
COM O SEU VOO, PAIRANDO NO AR.
FLUTUA AO VENTO, SEM MEDO DO MAR.
ONDEIA SERENA, EM SEU BALANÇAR.
FOSSE EU GAIVOTA, SOUBESSE VOAR!
BAILAR SOBRE ONDAS, REVOLTAS DO MAR,
NA ESPUMA BRANCA DAS ONDAS, LAVAR
AS FERIDAS. E MÁGOAS AFOGAR.
MAS NAO TENHO ASAS! NÃO SEI VOAR!...
CINJO-ME À VIDA QUE DEUS ME QUIS DAR.
QUE SORTE TIVE! TRÊS FILHAS P'RA AMAR!...
NÃO PAIRO SOBRE ONDAS DE MAR ABERTO.