Surrealista

Opções

Sou da noite mais longa companheiro
procuro-me a decidir nas encruzilhadas
repenso nas decisões e sou batoteiro
escolho também as opçoes tomadas.

Voltar a escolher e viver de novo
recuar no tempo sem voltar atrás
viver sem optar por não ter motivo
voltar ao presente e ser como está.

" Lamento.. o Mundo"

“ Lamento o Mundo”

Fugi, insurgi, divaguei na minha ausência,

Aqui, depois ali, em lado algum, me conheci...

No invisível, que sonhei, fiquei na Alma onde surgi,

Roubei o tempo, e na vontade eu me escondi,

E ali no nada, éter na vida, danço com a morte,

Desnudo o corpo, sou divindade, sou transparência...

 

Ambiguidade, dualidade, intransigência,

parto

vozes que batem na porta fechada, ecos devolvidos.
lamurias repetidas gastas do usar ja farto
outros sons ganindo que se misturam nos ouvidos
da mulher que geme espremendo o parto.
Pariu a luz, a estrela maior que lhe aponta o caminho
bebeu nas aguas sujas e subiu a escada que foge do mal
deixou para trás o leito do homem que fala sozinho
levou pela mão a cria acorrentada no cordao umbical.
Levantou as saias, mijou de pé ao centro da terra
Gritou veneno, saiu da orbitra do olho castanho

Teimosia

Se me permitirem um ultimo desejo
quando a minha hora chegar,
considerando tudo o que vejo
eu peço querer já cá não estar!
Trocar as voltas à morte,
e vence-la na antecipação
abusar da minha sorte
e morrer, antes da finação!!!

insolencia

Insolencia

A poucas horas da esperança um sorriso passou  e tocou o vento
Outras almas curvaram-se e expetantes aguardaram o veredito
Ninguém ousou, até então desafiar assim, diretamente o tempo
Todos tinham medo do presente. O medo do eterno maldito

Que sorriso maluco, estrangulou a expetativa, deu a sentença
As outras horas fugiram para o túnel do passado de sentido único
Dos céus desceram raios, vieram ajudar em tamanha insolencia
das bocas os sorrisos se esconderam deixando para trás o louco

Arthur Santos (1951-2552)

Arthur Santos (1951-2552)

Hoje resolvi morrer em 2552!
não. não foi uma decisão
de ocasião.
foi maduramente pensada
e não foi à sorte.
sempre achei uma maçada
não saber a data da morte
e decidi deixá-la já marcada.

nasci em 1951 e ainda pensei:
já sei!
será em 2451 um número redondo.
morrerei sem grande estrondo
nem alarido,
500 anos depois de ter nascido!

Interpretação

INTERPRETAÇÃO

Nesse quadro de Dali, de cores vivas e ilusões
De flores sobre tumbas e de figuras de enredo
Num surrealismo perfeito marcado por distorções
Estão paisagem de mil braços, que abraçam o segredo.

Na água turva da intuição, tu vês o que ele via
Lábios rubros brilhantes e olhares de ternura
Por entre os gestos do mundo, tu sentes o que ele sentia
Num pecado suplicado de um amor que não perdura.

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