Tristeza

Cara Perigoso (Abutre da Carcaça)

O abutre da carcaça ensarilhou durante uma meia hora,
Seus sentidos se recolheram 
E ele não proferiu nada. Nenhuma palavra.
Apenas caminhou. De lá pra cá... De cá pra lá...
Com as mãos no bolso
E um olhar rastejante escondido 
Atrás de seu óculos escuro.
Alguma coisa ele queria desvendar!
Retirou o celular e discou algum número inexato... 
Era um golpe, ele quis nos aplicar!
Uma enorme fatia da nossa felicidade 

De Uns Tempos Pra Cá...

De uns tempos pra cá tudo anda muito mais chato. 
Não se avistam mais as cadeiras pela calçada...
Nem se chocam mais as pegadas sobre o barro molhado.
Ninguém mais fez a parada da esquina de goleira, 
O chimarrão, os sorrisos e as altas conversas fiadas...
Ninguém mais conversou fiado varando uma noite inteira.
Tudo se obstruiu tão rápido 
Com o dia triste que montou no dia feliz
Que, às duas da manhã, só mesmo a rua morta no anonimato que respira. 

Destinado a falhar

Sinto o tempo descontrolado

Como se entendesse parar

Este não é um caso isolado

Infelizmente, muitos mais virão para contar

Jogaram-se as cartas fora

Como se de lixo se tratassem

Foram todos sem demora

Para que as memórias não ficassem

Somos a noite perdida

Que ninguém prefere ver

Somos a cena mais que esquecida

Somos personagens que apenas querem viver

Foram trocados demasiados beijos

Neste triste caso não tão isolado

E mesmo depois de tantos desejos

Perder-te sem conta

Passo por onde te vi,
Naquela ultima vez,
Desde aí não vivi,
Não acredito no que a vida te fez.
São demasiadas as recordações,
Que vivemos lado a lado,
E sei que em todas as encarnações,
Ninguém foi tão amado.
Choro a tua perda,
Sofro tanto com a tua ausência,
E embora não entenda,
Tento conter a tua essência.
Vou embora,
Em busca de algo mais,
Só espero que agora,
Te possa seguir para onde vais.

Incerteza

Passo por ti,
Naquela encruzilhada,
Não sabes que parti,
Ninguém te disse nada.

Continuas enganado,
Porque é que não cantas aquela canção
Onde por mim disseste estar apaixonado?
Pensas que não te dei razão.

Veio aquela noite gelada,
No meio do Verão,
Tua alma ficou danificada,
Não mais vi tua paixão.

Só pedia mais um momento,
Nesta vida errada,
Para te mostrar que não me contento,
Para te mostrar que consigo fazer a coisa acertada.

Distúrbio

Perguntei-te três vezes o teu nome, 
Repetidamente, 
Sem dar-te espaço ou tempo para responder.
Nunca descobri o porquê da minha obsessão com o número três.
Talvez por este ser frequentemente associado ao equilibro,
Um paradoxo um tanto irónico, visto eu ser associado a tudo menos a isso.
Mas prontamente respondeste
E, por momentos, perdi a noção se estava ou não a constantemente mexer a minha perna.
Quando discutimos pela primeira vez,

Se não houvesse Mar

Olho para a noite assim como para dentro de ti
Mas é tão difícil observar-te com clareza nesta ponta do oceano.
Julgo que se gritasse o teu nome, aqui, junto ao mar,
Aí chegaria um murmúrio levado pelas ondas do Atlântico
E não te aperceberias sequer da angústia que com ele foi carregada.
Entregar-te-ia tudo aquilo que de mim superasse as palavras que foram ditas,
Mas não foram recebidas como consolo
E esperaria que assim que a maré chegasse aí

A dor da saudade

A dor mental uma sensação de impotência, querer chegar, agarrar com força, abraçar para sempre e nunca mais largar, as saudades um ardor no corpo percorrendo dos pés à cabeça, uma doença que nos corrói a alma desamparada, como se estivesse cega a tentar chegar ao outro lado da lua, um sentimento que nos racha o peito em dois, perdendo os sentidos questionando o sentido da razão da vida, a falta de alguém muito querido a nos aconchegar a cabeceira, a fazer festas na cabeça nas noites frias de Inverno, a nos ler histórias de contos e fadas, magias e sorrisos lindos, a dor como posso a subjuga

Insónia

Insónia
 
As vezes perdido nas insónias
incrustadas no meu ser
quando as respostas fluem
sem contextos lineares
pergunto-me, contesto-me
as resposta sei até de cór, 
estão estampadas na distância 
e frieza dos sorrisos da dor
que me afligem todos os dias
e quando baixo meus abraços,
na indiferença dos sussurros
matinais, entrego-me então
decidido procurando mais que vitórias 
possíveis

Um Sem-Teto No Shopping...

Nasci na favela (favelado) 
Não tenho casa nem carro (sem-teto). 
Não tenho sapatos sports... 
Mas certo dia fui até o shopping de luxo.
Entrei na loja de grife;
Experimentei alguns roupões de seda...
Gostei muito do relógio de diamantes.
E como ficou lindo no meu pulso.
Pus os meus dois lindos filhos a brincar 
O mais velho sentou no cavalinho importado. 
Ficou se embalando... Ficou super encantado. 

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