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Autor: Rute Iria on Saturday, 31 August 2024
"Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora" RITUAL TEJO. "Canto Moço". Por Zeca Afonso. Oitentaenove.01. 2012. CD
"Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora" RITUAL TEJO. "Canto Moço". Por Zeca Afonso. Oitentaenove.01. 2012. CD
tiranizo a consciência para obter os resultados fecundos da mudança; para que recrudesçam em mim os exemplos de solicitude; para que pereça o desencanto nos meandros da existência que inventei.
Fazem sempre imperar
não o desejo espetacular de cada dia
bugar a mente
em conflitos pré-existentes
na estação computadorizada mais próxima da inocência
transmitiram tolices
não premiaram o alvo com o sorriso
dedos insensíveis tornaram o ar sangrento
qual foi a fruta que contaminou o mundo com controvérsias?
Qual a proposta para a formação de líderes?
Estamos fadados de tantos chefes
mais pão e leite, meu senhor!
Jesus com muito menos multiplicou
menos guerras
a receita para resolver quase tudo
as lágrimas embaraçosas que eu suprimi quando despertei para a razão... para uma intensa agudeza que me permite decifrar os enigmas da existência... para as doutrinas fulgentes que me transportam a lugares entusiasmantes...
os poemas lacrimados de outrora têm agora os selos da galhardia e do espanto: os seus pensamentos sobrevoam os mastros dum navio grandioso: alagam florestas ignoradas onde dilatam um carisma emocional.
explode o raciocínio na penumbra onde me situo porque eu reneguei os meus impulsos fatais: agora nutro um êxtase que robustece a minha atual compleição; agora possuo garras aguçadas que escoriam as sociedades.
tenho interesse pelas notícias que divulgam a atuação das pessoas insubmissas: elas percorrem as tubagens da vida numa cadência desvairada; numa catarse que as inflama quando sobem os degraus da violência.
a sensibilidade situa-se longe das nossas vidas quando não se avaliam os danos que emergem dos comportamentos arrogantes; quando não se impugna a malvadez que prolifera no cortejo humano; quando a alma desvaira no quadro tétrico em que se movimenta.