o cais sereno
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 1 November 2017largo o trilho das angústias ao remover os meus desacertos; ao gizar um círculo prudente no abrigo que idealizei; ao zumbir as ilusões que lubrificam o meu viridário.
largo o trilho das angústias ao remover os meus desacertos; ao gizar um círculo prudente no abrigo que idealizei; ao zumbir as ilusões que lubrificam o meu viridário.
Na casa pra alugar tem um pé de romã,
Ou uma romãzeira, como bem queiram,
— carregada e nenhuma apanhada.
Fico entre pular o murinho de nada,
Ou acabar de caminhar pro ginásio.
Aula, professor chato ou uma romã?
Ontem à noite eu já ficara de castigo
Por ter esmagado o dedo mindinho
No meu veloz carrinho de rolimã.
Pensando bem, hoje não tem prova,
E aquele professor é muito prosa.
O que mais vale, uma romã roubada,
Que com certeza será a minha glória,
Ou ir, esperar o recreio e jogar bola?
Decidi chegar atrasado e com a romã,
Um Amor com Paixão
tua ousadia acabou por seduzir
tua pureza parecia chama por atear
havia em teus olhos um brilho a luzir
na tua boca pedido para saborear
no meu corpo um fogo a arder
na minha pele desejo a inflamar
meus dedos sedentos de perceber
até onde este prazer os podia levar
as linhas do teu corpo, estremecia
cada curva era um segredo por desvendar
o teu olhar incendiava a minha alma